Com o retorno ao seu calendário tradicional – fim de julho, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) realizou sua 23ª edição e recebeu cerca de 34 mil pessoas em Paraty (RJ), de acordo com dados preliminares da Prefeitura. O número representa um aumento de 10% em relação aos últimos anos. A taxa de ocupação das pousadas da cidade foi de 98%. Os autores mais vendidos na Livraria da Flip, segundo a organização, foram Valter Hugo Mãe, Paulo Leminski e Rosa Montero. Mais de 600 eventos, de mesas de debates a lançamentos de livros e apresentações, foram realizados entre o programa principal e a agenda paralela durante os cinco dias de evento, 30 de julho a 3 de agosto. A Festa deste ano – como era esperado – chamou atenção pelo caráter político, especialmente com a presença de Marina Silva e Ilan Pappe no final de semana, mas as mesas literárias também repercutiram bem. Rosa Montero, Sandro Veronesi e Neige Sinno viram repercussões positivas de suas falas na imprensa e entre o público, e a presença da poesia também foi destacada nos espaços principais da edição. Segundo apuração do PublishNews, o anúncio de Leminski como homenageado desta edição, feito em março, não teve impacto significativo nas vendas dos seus livros entre o anúncio e a realização da Festa – em Paraty, porém, o autor ficou no pódio dos autores mais vendidos com suas diferentes edições à venda. Em 2026, a Festa vai continuar neste período mais tradicional, e, diferente do que ocorreu ano passado, a organização ainda não confirmou se a curadoria deve continuar com a editora Ana Lima Cecilio. Só a Casa PublishNews recebeu mais de 100 convidados em 28 painéis para falar sobre assuntos como formação de leitores, políticas públicas do livro, tecnologia na indústria editorial, livros mais vendidos, feiras e eventos literários, ESG, literatura, podcasts e neurociências – entre outros temas. Clique no Leia mais para ler a matéria na íntegra.

Na noite da sexta-feira (dia 1º de agosto), perto das 20h, a Fundação Theatro Municipal (FTM) de São Paulo enviou um ofício aos organizadores comunicando o cancelamento da Festa Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei) 2025 na Praça das Artes (Av. São João, 281 – São Paulo / SP), poucos dias antes do início das atividades e fora do intervalo previsto em contrato. A Fundação também retirou o evento de suas redes e site oficial. Contas das redes sociais do Theatro Municipal gradativamente apagaram as postagens divulgando o evento. Para o PublishNews, o editor e um dos organizadores, Cauê Ameni, confirmou que programação da Festa gratuita será mantida, com ligeiras mudanças de horário. A programação literária será realizada no Galpão Elza Soares (Armazém do Campo – MST), no Instituto Luiz Gama e na La Librería, e a programação musical será no bar Sol y Sombra. A programação da Flipei começaria no dia 6 de agosto e iria até o dia 10 de agosto. O contrato assinado há cinco meses previa, no caso de uma rescisão, a necessidade de um aviso de 15 dias anteriores à data de início do evento em um acordo entre as partes feito de forma escrita. A organização da Festa afirma que o comunicado do Diretor da FTM Abrão Mafra foi feito de maneira a prejudicar e impedir uma tomada de providências em tempo hábil: a montagem do evento estava prevista para começar nesta segunda e terça-feira (4 e 5 de agosto) e a abertura, na quarta-feira (6). Em nota enviada ao PublishNews nesta segunda (4), a Prefeitura de São Paulo manteve seu posicionamento e justificativa para o cancelamento do evento: “A Fundação Theatro Municipal informa que suspendeu a realização do evento em razão do uso político por parte de seus organizadores". Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

No Podcast do PublishNews desta semana, gravamos diretamente da Casa PublishNews, na Flip 2025, onde recebemos Lilia Guerra, escritora que também foi uma das convidadas do programa principal da Festa. Lilia Guerra nasceu em São Paulo, em 1976. Prosadora, publicou em 2014 seu primeiro livro, Amor avenida. É autora da compilação de contos Perifobia (reeditado agora pela Todavia em 2025, finalista do Prêmio Rio de Literatura), bem como de outros três livros publicados pela editora Patuá: o romance Rua do Larguinho, a coletânea Crônicas para colorir a cidade, e as Novelas que escrevi para o rádio. Em 2023, a Lilia Guerra foi contemplada com o Prêmio Carolina Maria de Jesus pelo livro de contos Cavaco do ofício, ainda inédito, e, em 2024, seu romance mais recente, O céu para os bastardos, foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura. Além de escritora, também é auxiliar de enfermagem, atuando no Sistema Único de Saúde (SUS), e trabalha na promoção de ações de incentivo à leitura e à escrita, sobretudo nas periferias da cidade de São Paulo. Durante a conversa, a escritora falou de como constrói a linguagem dos seus livros, de como retira elementos do cotidiano para elaborar suas histórias, povoada de personagens que retornam em contos e outros livros: a criação do "Liliaverso" foi um dos temas. Ela também falou de sua trajetória no mercado editorial profissional, e de como isso se relaciona com sua atuação como profissional de saúde no SUS – entre outros assuntos. Este podcast é um oferecimento de Câmara Brasileira do Livro (CBL), MVB América Latina e UmLivro. Você também pode ouvir o programa pelo Spotify, iTunes, Google Podcasts, Overcast e YouTube.

Na Ilustríssima conversa, o escritor Sérgio Rodrigues afirma que a inteligência artificial inaugurou uma nova era na escrita. A reportagem detalha o papo publicado na íntegra em áudio pela Folha. Ele é autor do livro Escrever é humano (Companhia das Letras), em que faz reflexões sobre o ofício da escrita e sobre as potencialidades da tecnologia. Uma matéria na Folha de S.Paulo também destrinchou a relação de "ódio e amor" entre Paulo Leminski e a cidade de Curitiba e também publicou um texto abordando como a cartunista Laerte tem se debruçado sobre quadrinhos que funcionam como poemas visuais. O livro I'm not kidding tem causado rebuliço no mercado editorial alemão em torno da explicação do porquê estão nascendo cada vez menos crianças. A reportagem que está no DW Brasil fala com a autora e humorista Julia Brandner. Ela exemplifica a reação dos críticos citando um episódio recente em um evento aberto ao público, onde foi rotulada como egoísta diante da plateia por uma senhora de 72 anos e mãe de três filhos. Para o Splash Uol, o influenciador e escritor Pedro Pacífico deu uma entrevista em que critica a bolha literária nacional e fala mais de sua trajetória. A atriz Isis Valverde conversou a revista Vogue para falar sobre seu novo livro. De acordo com a reportagem, ao longo de cinco anos, a artista transformou suas emoções em poesia. A coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, repercutiu trechos do livro da esposa de Bruce Willis, que trata da jornada do autor com demência. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Em cerimônia realizada na última sexta-feira (1º) em Brasília (DF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou as primeiras unidades do Minha Casa, Minha Vida com Praça da Leitura. O espaço é fruto de parceria entre os ministérios da Cultura e das Cidades e está localizado em Horizonte, na região metropolitana de Fortaleza (CE). A praça da leitura no Residencial João Severo da Silva contará com acervo de 240 livros do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) doado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e pelo Ministério da Educação (MEC) e será compartilhada entre 128 pessoas, que irão ocupar as 32 moradias. O espaço será replicado nas novas construções do MCMV. Estima-se que praças da leitura ou salas de bibliotecas sejam implementadas em 380 novos empreendimentos em todo o país, atendendo cerca de 40 mil famílias. A coordenadora-geral de Leitura e Bibliotecas da Secretaria de Formação Artística e Cultural, Livro e Leitura (Sefli) do MinC, Nadja Cézar, destacou a importância da colaboração interministerial para o programa. “A parceria do Ministério da Cultura com o Ministério das Cidades na concretização desse projeto de espaços de cultura dentro do Minha Casa, Minha Vida é um marco de transformação desse programa. E a cooperação com o Ministério da Educação trazendo livros para compor esses espaços enriquece ainda mais essa proposta e é algo que vai ficar marcado no município de Horizonte como um grande modificador daquela comunidade”, salienta. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

A HarperCollins abriu duas vagas em seu time. A primeira oportunidade é para o cargo de estágio comercial para contribuir com análises, acompanhamento de pedidos e suporte às estratégias de vendas. Essa posição tem interface direta com as áreas de Logística, Operações e Compras, sendo ideal para quem gosta de entender o todo e conectar diferentes pontos do processo. É preciso estudar a partir do 3º semestre dos cursos de Administração, Economia, Engenharia de Produção, Marketing ou áreas afins; ter Excel intermediário/avançado (tabelas, fórmulas, gráficos); conhecimentos básicos em Power BI e ERPs (como JDE) são diferenciais, assim como inglês intermediário é um diferencial. Interessados podem se inscrever clicando aqui. A segunda vaga é para analista de controladoria pleno. A editora procura por um profissional com forte base contábil e experiência em sistemas ERP e soluções fiscais. O profissional atuará de forma estratégica e operacional, garantindo a integridade das informações contábeis, com constante interface com as áreas Fiscal, TI e Auditoria. Se você é apaixonado por números, processos, desafios e Livros, e acredita no poder do trabalho em equipe, essa pode ser a sua chance. Interessados podem se inscrever clicando aqui. Mais informações nos links correspondentes.

O livro Em agosto nos vemos (Record), do escritor colombiano Gabriel García Márquez, é tema do 3º encontro do Clube de Leitura do Sindicato dos Professores de São Paulo (SinproSP). O evento está marcado para 9 de agosto, às 15 horas, na Livraria Martins Fontes Consolação (Rua Dr. Vila Nova, 309 — São Paulo / SP), mediado pela jornalista Milena Buarque em parceria com o Clube Amada Estante. O debate sobre a obra faz parte da programação nova da Escola dos Professores do SinproSP, que inicia o segundo semestre na sexta-feira, no dia 8 de agosto, com um curso – em formato de “live” - para abordar "Neurociência e Educação". O convidado é Roberto Lent, médico, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisador do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino. É possível acessar a programação já disponível através do link. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

A Livraria da Travessa de Pinheiros (Rua dos Pinheiros, 513 - São Paulo / SP) recebe nesta segunda-feira (4), às 19h, o lançamento do livro Triste tigre (Amarcord), de Neige Sinno. A obra foi a quarta mais vendida da Flip 2025. Antes da sessão de autógrafos, a autora conversa com o público em mesa mediada pela jornalista Adriana Ferreira da Silva com tradução consecutiva. A vinda de Neige ao Brasil integra as programações do Temporada França-Brasil, iniciativa coordenada pelo Institut Français e pelo Instituto Guimarães Rosa. Triste tigre é um estudo íntimo, sensível, violento e sincero, uma escrita cirúrgica capaz de revelar, a um só tempo, o poder e a impotência da literatura diante do horror. Com ele, Neige Sinno conquistou os prêmios Femina, Goncourt des Lycéens, Strega Europeo, Le Monde, Blù Jean-Marc Roberts, Les Inrockuptibles e Libraires du Québec. Em 2023, a Nobel de Literatura Annie Erneux foi indagada pelo New York Times qual tinha sido o último grande livro que ela lera e a resposta foi: “Posso dizer sem hesitação que é Triste tigre”. A tradução é de Mariana Delfini e a capa brasileira traz ilustração da artista escolhida por concurso para fazer novos vitrais para a basílica de Notre Dame. Clique no Leia mais para conferir a íntegra desta nota.

A Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo realiza, entre agosto e outubro de 2025, a 17ª edição do Viagem Literária, iniciativa dedicada a fortalecer o acesso ao livro e à leitura em todas as regiões do estado. Com foco na literatura afro-brasileira, a programação, totalmente gratuita, será realizada em 67 bibliotecas municipais do interior e litoral, além da Biblioteca de São Paulo e da Biblioteca Parque Villa-Lobos, na capital. A programação completa está disponível clicando aqui. Desde sua criação, o programa já realizou cerca de 4 mil ações culturais, reuniu 294 convidados e impactou mais de 380 mil pessoas. “O Viagem Literária é um exemplo de como a política pública pode fortalecer o papel das bibliotecas e ampliar o acesso ao livro em todas as regiões do estado. Levar autores, histórias e encontros para o interior e o litoral é uma forma concreta de valorizar a leitura como direito e como experiência coletiva”, destaca Marilia Marton, secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo. Em 2025, dois módulos guiam a programação: Contação de Histórias e Encontros com Escritores. Todos os livros selecionados para essas atividades também estão disponíveis na BibliON — a biblioteca digital gratuita do Estado de São Paulo. Clique no Leia mais para conferir a íntegra desta nota.

O escritor João Silvério Trevisan é o convidado da próxima edição da série Encontro com os escritores, em um debate intitulado "Ditadura brasileira e literatura: a palavra massacrada". O evento ocorre no dia 19 de agosto, das 19h às 21h, na Biblioteca Mário de Andrade (Rua da Consolação, 94 — São Paulo / SP) e terá como tema a reflexão sobre os desafios e as estratégias de resistência da produção literária brasileira durante o período autoritário no Brasil. No encontro, Trevisan adentra na discussão dos mecanismos de repressão que buscaram silenciar vozes e controlar a narrativa, ao mesmo tempo em que destaca a engenhosidade e a coragem de escritores que resistiram por meio da palavra. O debate aborda como a literatura se tornou um espaço vital para a crítica, a memória e a esperança em um dos períodos mais desafiadores de nossa história. Clique no Leia mais para ler a nota na íntegra.

Coisas que a gente sente e a duração das coisas (Planeta, 112 pp, R$ 56,90) reúne micropoemas repletos de ternura e afeto de Cláudio Thebas. Co-autor do livro O palhaço e o psicanalista, em parceria com Christian Dunker, que já vendeu mais de 100 mil exemplares, Thebas é criador do Laboratório de Escuta e Convivência e autor de outras diversas obras. O livro é voltado tanto para adultos quanto para crianças e se propõe-se a tratar de temas profundos, como ansiedade, burnout, depressão e solitude, sob uma óptica mais leve, brincando e resgatando a infância que ainda que reside em todos os leitores e leitoras. A primeira parte – Coisas que a gente sente – se ocupa de falar sobre sentimentos, que muitas vezes não conseguimos dar nome ou mensurar. E a segunda – A duração das coisas – trata da passagem do tempo e de como muitos dos sentimentos acabam “durando” dentro de cada pessoa. Cada micropoema é acompanhado por uma ou mais ilustrações da artista Natalya Osowiec, ajudando a compor as ideias transmitidas nos textos.

O último livro de Paulo Leminski, Winterverno (Iluminuras, 80 pp, R$ 85), é invernal como o fim de um ciclo. "Winter", do inglês, e "inverno", do português, se unem, encontrando no radical grego inter ― que significa "entre", "com" ― um espaço de travessia, de confluência. Com traços de sumiê e a própria caligrafia de Leminski, Winterverno é uma obra feita a quatro mãos. O amigo João Suplicy se lança como quem entra num combate de judô, onde a força está no gesto contido: os poemas inspiram as imagens, e as imagens sopram fôlego aos poemas, numa dança silenciosa. Cada quadro nasce como extensão dos haicais ― formas mínimas, concentradas como o frio. Assim, palavra e imagem se entrelaçam, construindo um livro que é, ao mesmo tempo, paisagem e despedida. Uma obra que percorreu, com a exposição Múltiplo Leminski, duas dezenas de cidades no Brasil e no exterior ― e que agora volta a circular em livro, exatamente como foi concebida.

Publicado originalmente em 1964, Folhas da oliveira (Tabla, 80 pp, R$ 74 – Trad.: Alexandre Facuri Chareti) marca a estreia de Mahmud Darwich na literatura, aos 23 anos. A obra reúne poemas de linguagem direta, voltada ao povo palestino, com forte carga afetiva e política. O título evoca a oliveira, símbolo ancestral da Palestina ― da terra, da permanência, da cultura camponesa e da identidade coletiva. Suas folhas representam fragmentos de memória, pedaços de uma pátria esfacelada, mas ainda viva na linguagem. Em seus versos, Darwich expressa a dor e a esperança de um povo, entrelaçando o íntimo e o político — traço que marcaria toda a sua obra. Folhas da oliveira apresenta uma poesia direta, de vocabulário acessível e intensa carga emocional, voltada principalmente ao povo palestino. Muitos desses poemas foram musicados e se tornaram hinos populares de resistência. Uma leitura essencial para conhecer o nascimento da voz poética de Darwich e o início de sua trajetória até se tornar um grande nome da poesia universal.

Os poemas de Anjos (FTD, 64 pp, R$ 75) tratam de temas como medo, finitude, amor, compaixão, silêncio e transcendência. Roseana Murray cria imagens poéticas tão etéreas quanto as obras de Fayga Ostrower, produzidas entre as décadas de 1960 e 1990 e incorporadas ao projeto gráfico de Anjos com base nas sensações evocadas pelos versos e pelas composições, texturas e cores. No livro, as obras da artista plástica estão ordenadas em uma progressão que acompanha o estado emocional do eu lírico: nos primeiros poemas, revelam-se sentimentos de solidão, melancolia e temor; e, gradualmente, ao se sentir acolhido pelos anjos materializados em presença e ações humanas, o eu lírico parece recuperar a esperança; ao final, ele celebra a natureza sublime desses seres em um tom de exaltação. O diálogo entre poemas e imagens se dá de forma fluida, convidando os leitores a usar a própria imaginação para fazer descobertas. Assim, Anjos estabelece conexões com a interioridade do leitor e favorece uma leitura interpretativa e sensível, abrindo espaço para reflexões sobre literatura, estética e autoconhecimento. Em uma fusão de versos, formas e cores, Anjos cria imagens delicadas que aproximam esses seres etéreos da fragilidade humana, convidando-nos a contemplar o sublime.

Heterônimos (Selo A+M, 1.048 pp, R$ 169) é um box em edição especial e exclusiva que reúne a poesia dos três principais heterônimos de Fernando Pessoa — Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Criados com biografias próprias, estilos distintos e visões de mundo contrastantes, esses poetas fictícios vão além de meras máscaras literárias: constituem entidades autônomas, com obras coerentes, completas e profundamente marcadas por uma identidade própria. Alberto Caeiro, considerado o mestre de todos, é o poeta da natureza direta e sem metafísica. Ricardo Reis, médico monárquico e clássico, exilado no Brasil após a queda da Monarquia do Norte em 1919, representa o estoicismo e o epicurismo. E Álvaro de Campos, engenheiro naval nascido em Tavira e educado em Glasgow, é o poeta da modernidade, da fragmentação e do excesso. Mais do que um artifício literário, os heterônimos de Fernando Pessoa encarnam distintas formas de estar no mundo, revelando a multiplicidade estética e filosófica de um autor que fez da fragmentação do eu a essência da sua criação. Esta edição especial oferece uma porta de entrada para o universo pessoano — plural, profundo e inesgotável.