Kuski é um menino comum, exceto por um detalhe: nasceu em pedaços, que foram sendo naturalmente costurados a partir dos encontros agradáveis da vida: o aroma do bolo de laranja da avó, o sabor do doce de leite da tia e a alegria saltitante do cachorro. Porém, a cada vez que seu pai gritava, ou sua mãe chorava, Kuskise desmanchava outra vez e precisava se reconstruir. Escrito por Ilan Brenman, vencedor do Prêmio Jabuti 2024 na categoria Infantil com o livro Cabo de Guerra, também da Moderna, Kuski (Moderna, 40 pp, R$ 81) é uma narrativa delicada sobre como o sofrimento e o sentimento de vulnerabilidade, presentes desde a infância, podem ser superados e as rupturas recosturadas por diferentes caminhos ao longo da vida. As ilustrações de Giulia Pintus trazem linhas vermelhas para traduzir em imagens o sentimento de integridade que, em alguns momentos da vida, se fragmenta e se rompe, mas depois se reconstitui. Além de novelo e da linha, a ilustradora recorre a quebra-cabeças e jogos de montar para sugerir as muitas maneiras pelas quais aquilo que se desmonta e se desagrega pode voltar a se reunir e a fazer sentido.