Mais uma vez, o telefone tocou na Agência fictícia criada por Marisa Moura. Do outro lado, uma raridade: uma pessoa com nome, sobrenome e correspondência no mundo real: o editor Pascoal Soto. A interlocutora, que já encenou momentos hilários na coluna de Marisa desde 2015, se surpreende com a ligação do editor e tem uma de suas reações típicas. Será que ele tem um best-seller pra apresentar para a Agente?
— Agência Literária, bom dia!
— Bom dia, posso falar com a agente?
— Claro. Quem deseja?
— Pascoal.
— Pascoal?
— Sim.
— Pascoal Soto?
— Sim. A agente está?
— Minha Santa Clara, o editor do best-seller Código da vida!
— Sim, mas...
— Minha deusa da sabedoria, o editor do best-seller Mania de explicação!
— Sim, como você...
—Minha Santa Joana, o editor do best-seller Memórias inventadas, do poeta Manoel de Barros!
— Também, mas por favor...
— Minha Santa Luzia, o editor dos cinco best-seller da série Crônicas de gelo e fogo!
— Nossa você sabe de...
— Minha Santa Bárbara, o editor do best-seller A Morte é um dia que vale a pena viver, de Ana Claudia Quintana!
— Por favor, passa para a...
— Minha Santa Protetora dos Escritores Agoniados, o editor dos best-seller Elite do atraso, de Jessé Souza, ainda dos Guias politicamente incorreto e do 1808, de Lauretino Gomes!
— Quem é essa Santa os Escritores Agoniados?
— Coisa do Duayer.
— Muito obrigado por suas lembranças mas passa para a...
— Verdade que você vai trazer um best-seller para a agência?
— Quem sabe? Preciso falar urgente com a agente, passa para ela, por favor.
— Claro. Agente, o Pascoal tem best-seller para nós!
— Bom dia. Pascoal!
A formação de Marisa Moura começou pela graduação em Letras na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, onde assumiu sua paixão pela literatura, da criação à produção. Marisa sentia necessidade de aprofundar-se em Marketing Cultural para Literatura Brasileira, o que fez no mestrado da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Com a ideia fixa de trabalhar com literatura brasileira, abriu a sua agência, a Zigurate, em 1994 e não parou mais. Sua coluna reflete sobre o trabalho do agente literário, um profissional atuante nas negociações de direitos autorais internacionais e nacionais e já presente no mercado editorial
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.