O Brasil abriga hoje a maior biodiversidade do planeta: de todas as espécies já identificadas pela ciência, quase 20% delas habita o nosso território. Uma combinação de fatores climáticos, geográficos e paisagísticos ajuda a compreender esses números; contudo, para termos uma ideia mais profunda de como chegamos até aqui, nossos olhos precisam voltar-se para o passado.
Ao contrário do que alguns livros didáticos ainda trazem impressos em suas páginas, a história do nosso país não começa com a chegada dos colonizadores europeus em 1500. Ela é muito mais antiga, retrocedendo a milhões de anos no passado e antecedendo a presença de qualquer traço de cultura humana.
Durante esse longo período, nosso território passou por inúmeras transformações: movendo-se entre latitudes, combinando-se a outras massas continentais, testemunhando invasões e recuos das águas marinhas, alternando regimes climáticos e tendo seu relevo continuamente remodelado. Nesse processo, uma variedade incontável de espécies ocupou esses espaços, proliferando conforme as condições e recursos lhes eram favoráveis, e desaparecendo à medida que mudanças significativas na paisagem exauriam os recursos necessários para sua sobrevivência.
Registros desses acontecimentos permanecem preservados na forma de fósseis, presos às camadas de rochas sedimentares que afloram por todos os cantos do país. Com o avanço e a sofisticação das pesquisas paleontológicas, essas informações vêm sendo constantemente recuperadas, e nos ajudam a compreender mais sobre a história da nossa biodiversidade. Uma parte significativa desse conhecimento, ironicamente, permanece fora do alcance da sociedade em geral.
A popularidade que o tema conquistou no país nos últimos anos (em razão da curiosidade que os dinossauros despertam no imaginário coletivo) fomenta hoje um mercado de consumo que inclui filmes, documentários, vestuário e brinquedos. Boa parte desses produtos, entretanto, é importada, apresentando ao público brasileiro uma “pré-história” que não nos pertence.
A escassez de materiais com foco no patrimônio paleontológico brasileiro sempre foi motivo de inquietação para Felipe Alves Elias – biólogo, paleontólogo e paleoartista – que atua no Museu de Zoologia da USP, na capital paulista.
Na tentativa de suprir parte dessa lacuna, deu início em 2005 a um projeto para tornar o conhecimento sobre nossa antiga biodiversidade acessível a todos os públicos. Sua pesquisa o levou a explorar centenas de trabalhos científicos, além de bases de dados institucionais, em um processo que consumiu pelo menos cinco anos. O trabalho, porém, não terminou aí: partindo dessas informações, e fazendo uso da paleoarte (abordagem que usa técnica artística para dar forma às interpretações científicas sobre os seres do passado), ele dedicou mais 15 anos a ilustrar quase mil espécies fósseis brasileiras.
O resultado de todo esse trabalho está reunido no livro Animais pré-históricos do Brasil: O guia ilustrado, que acaba de ser publicado. Lançado no último dia 26 de julho no MZUSP, trata-se da primeira publicação voltada para o grande público que apresenta a diversa fauna pré-histórica brasileira indo muito além dos famosos dinossauros.
Em suas 250 páginas, o livro traz dezenas de pranchas com representações de espécies que viveram nos quatro cantos do país, em diferentes momentos do tempo geológico. A maioria delas, aliás, jamais havia sido ilustrada até então, permanecendo completamente desconhecidas para a maioria das pessoas.
As imagens são acompanhadas de informações sobre cada espécie, incluindo a localidade onde seus restos foram encontrados, como também seu tamanho e hábitos estimados. Além disso, o livro conta um pouco sobre a história do nosso país ao longo das eras, mostrando as transformações na sua configuração territorial, no regime climático, e em como essas mudanças refletiram nas características das nossas paisagens. Tudo isso em uma linguagem simples e acessível para públicos de todas as idades.
Sobre o autor
Felipe Alves Elias nasceu na cidade de São Paulo (SP) e hoje vive em Santos, no litoral do Estado. É formado em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Santos, com mestrado em Paleontologia pela Universidade Estadual Paulista e em Museologia pela Universidade de São Paulo.
Foi um dos pioneiros em popularizar a Paleontologia na internet, na qual atua desde 1998. Em 2002, tornou-se também paleoartista profissional: seus trabalhos podem ser vistos em livros, revistas, catálogos e vários outros projetos. Participa da criação e produção de exposições, conduz projetos educativos, produz conteúdos sobre a fauna pré-histórica brasileira para diferentes mídias e ministra cursos e palestras sobre o assunto.
Em 2011, passou a integrar a equipe da Divisão de Difusão Cultural do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, que abriga um dos mais importantes acervos da fauna brasileira no mundo.
Em 2016, inaugurou o projeto PaleoZOO Brazil, dedicado a popularizar a diversidade dos animais que viveram no passado em nosso território.
Animais pré-históricos do Brasil: O guia ilustrado
Autor: Felipe Alves Elias
Editoras: UICLAP (edição comum – brochura) | Clube de Autores (edição luxo/capa dura)
Páginas: 250 pp
ISBN: 978-65-01462-30-1 (edição comum - brochura) | 978-65-01511-72-6 (edição luxo/capa dura)
Preço: R$ 180,00 (edição comum – brochura) | R$ 250,00 (edição luxo – capa dura)
Links para compra: Edição Comum (brochura): https://loja.uiclap.com/titulo... | Edição Luxo (capa dura): https://clubedeautores.com.br/...
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