Uma das estratégias usadas pelas editoras no ano passado, como resposta à pandemia, foi suspender lançamentos e reimpressões, o que diretamente impactou na produção de papel. Num efeito em cadeia, meses depois, quando as editoras reformularam suas estratégias e começaram a voltar aos poucos, as gráficas contavam com baixas em seus estoques.

Paralelo a isso, a indústria gráfica tenta negociar com o Ministério da Economia a redução de impostos sobre papéis. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), em 2019 o Brasil contava com cerca de 18 mil gráficas em operação. Com a crise, a estimativa é que entre 4 mil e 5 mil empresas fecharam as portas.

Para entender melhor como funciona a indústria gráfica e de papéis, o podcast dessa semana conversou com Guilherme Monteiro, gerente-executivo de Estratégia e Marketing da Unidade de Papel e Embalagens da Suzano, e com Rafael Vido, um dos sócios da Geográfica.

Eles começaram a conversa fazendo um balanço de como essa indústria se comportou durante o último ano pandêmico.

Segundo Guilherme, a Suzano reportou uma maior queda no mercado em abril passado e a estratégia foi trabalhar um dia de cada vez. “Se a gente olhar os dados do Ibá [Indústria Brasileira de Árvores], que é a associação que cobre o setor de papel aqui no Brasil, ele reporta que o ano de 2020, comparado ao de 2019, foi um ano de 19% de queda na demanda desse mercado de imprimir e escrever, o que para o Brasil é uma notícia boa”, avaliou. Comparando com dados mundiais, esse mercado caiu por volta de 15% e as mesmas consultorias reportam uma queda próxima a 30% na América Latina. E no geral, a estratégia da Suzano foi se aproximar dos seus clientes e colaboradores.

No lado da indústria gráfica, Rafael viu um movimento parecido. Inicialmente com os principais clientes suspendendo projetos maiores e depois, quando o mercado percebeu que a demanda continuava crescendo por conta das pessoas terem ficado em casa, houve uma crise inversa. “A indústria gráfica, como um todo, foi desmontada. A maioria das empresas entrou no programa de redução, fez demissões em massa, só que não houve a diminuição da demanda passado o primeiro impacto da pandemia”, explicou.

Ainda sobre a baixa nos estoques e o efeito em cadeia, Guilherme completou: “Essa é uma cadeia que é longa, eu estimo que entre a livraria disparar um pedido e eu entender esse pedido na minha produção do papel, é algo que deve levar entre 90 e 120 dias. Ao passo que a demanda se retoma, por mais que a Suzano tenha se prevenido e os demais fabricantes de papel tenham feito movimentos semelhantes para manter certo nível de estoque, quando há o pico dessa retomada, a gente também tem uma cadeira razoavelmente mais longa para conseguir se estabilizar”.

Eles explicaram ainda como funcionam os ciclos de produção, como lidar com as demandas reprimidas, as ações que realizaram durante os primeiros meses da pandemia e as expectativas para 2021.

O Podcast do PublishNews é um oferecimento da MVB, a mais completa e moderna plataforma de metadados para o mercado editorial brasileiro e da UmLivro, novo modelo de negócios para o mercado editorial: mais livros e mais vendas. Você também pode ouvir o programa pelo Spotify, iTunes, Google Podcasts, Overcast e YouTube.

Indicações:

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Geográfica