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PublishNews, Luciana Pinksy, 21/10/2019
Em sua crônica, Luciana Pinksy lembra que nunca se sabe o que um congresso pode trazer

Thomás Camargo Coutinho
Thomás Camargo Coutinho
A tensão espreitava há dias. Ele não conseguia encará-la sem um riso nervoso. Ela usava a ironia com excessiva frequência, talvez para simular uma tranquilidade distante.

Quase não se falavam a sós, sempre cercados por tantos, sorrisos e afagos genéricos. Ainda assim, a tensão estava lá, óbvia para ambos, invisível aos demais.

Até que. Sim, tem um "até que", pois tensão explode, acaba ou ambos.
Depois de dias nervosos, eles se encontram por acaso do outro lado da cidade, onde os tantos das rodinhas jamais iriam. Mas foi por acaso mesmo?, o leitor há de me perguntar. Pois a coincidência era os dois gostarem de graviola, casarões históricos e saberem que a melhor sorveteria da cidade ficava em um bairro popular a 30 minutos do congresso.
- Oi.
- Oi.
- Adoro graviola da Ribeira.
- Imperdível!

E sem um pingo de vergonha, ironia histriônica, riso compulsivo, ambos conversaram. E conversaram. Tanto, até quase não haver tempo. Será?

Foram. E a tensão, que só aumentara na conversa, não explodiu. Não acabou. Escondeu-se nos lençóis atônitos com a rapidez do epílogo.

© Marcos IssaLuciana Pinsky é editora da Contexto, escritora e jornalista. Publicou o romance Sujeito oculto e demais graças do amor (Record) e mantém seu blog de crônicas. Há dois anos publica uma coluna sobre livros infantis no site Boraí.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

[21/10/2019 03:00:00]
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