Escrevi este texto no avião, na ida para Bogotá, onde participei, representando a Xeriph, de um debate na feira internacional do livro. Na próxima coluna, poderei falar sobre o mercado editorial digital na América Latina. Por ora, comento os últimos acontecimentos e notícias em nosso mercado. Como já escrevi antes, parece que três meses equivalem a um ano de desenvolvimento. Continuo com a sensação de já estar nisso tudo há décadas. Lá vão então as pílulas:
• Notícia de que as editoras dobraram a Amazon: não vejo isso ainda como uma grande verdade. Não acreditarei até que veja o contrato assinado. E vamos ser realistas, acredito que mesmo conseguindo bons descontos agora, na entrada deles em nosso mercado, em pouco tempo os livros vendidos na Kindle Store representarão mais de 50% das vendas de e-books das editoras. A partir desse momento, a Amazon começará a barganhar por cada vez melhores descontos... Não acham que é um pensamento lógico? Agora, que eles pensaram que seria muito mais fácil, ah, isso eles pensaram.
• Notícia sobre a queda dos servidores da Livraria Cultura: verdade verdadeira. Aconteceu e num momento de lucidez resolveram deixar tecnologia nas mãos de quem entende. Fecharam com provedores e acredito muito na melhora dos sistemas da Cultura. Afinal, alguém consegue buscar um e-book e comprar sem ter que cavar bem fundo? Agora, eles poderão se concentrar na melhoria do marketing digital que vêm fazendo, melhoria do aplicativo de leitura e de seu site. E vão se concentrar em fazer o que conseguem com louvor, que é vender livros.
• Notícia sobre a Apple: numa entrevista ao Brasil Econômico, comentei que seria bem mais fácil ela entrar no Brasil com a iBooks do que os outros players internacionais. Falei isso não com provas concretas, mas também com raciocínio lógico. Ora bolas... Eles já estão vendendo músicas aqui no Brasil. Já possuem a faca e o queijo nas mãos... Se não chegarem antes, estarão sendo cavalheiros em deixar Amazon e Google passar na frente. No melhor estilo "ladies first".
As livrarias brasileiras vão ter mesmo que se mexer. Acredito demais na coexistência de todos esses atores em palco, ao mesmo tempo. O mercado brasileiro é vastíssimo e vejo a oportunidade real da democratização da leitura. Quero mais é ter a leitura banalizada. As amarras geográficas não existem mais. Quem diria que eu estaria escrevendo num tablet do tamanho de um caderno leve este artigo, que em poucos minutos enviarei via internet? Meu celular está sendo carregado numa entrada usb na poltrona na minha frente e tenho, dentro deste tablet, mais de 50 livros para ler e minhas músicas para ouvir. Santa tecnologia!
Camila Cabete (@camilacabete no Twitter e Instagram) tem formação clássica em História. Foi pioneira no mercado editorial digital no Brasil. É a nova Head de Conteúdo da Árvore e a podcaster e idealizadora do Disfarces Podcast.
camila.cabete@gmail.com (Cringe!)
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