Publicidade
Da arte poética e narrativa
PublishNews, Redação, 24/07/2024
Do lado da produção, está o texto 'Anon', escrito por Virginia um pouco antes de sua morte em 1941

Virginia Woolf não foi nem queria ser uma autora anônima. Longe disso. Tampouco era uma leitora comum. Aliás, a autora anônima é inseparável da leitora comum. Estão ambas ligadas à ideia do caráter democrático da arte poética ou narrativa: de um lado, está a pessoa que por gosto, talento ou estratégia produz e ao mesmo tempo transmite, anonimamente, o conto ou o canto que resulta de seu dom e sentimento; e, do outro, quem ouve ou lê por prazer ou curiosidade ou seja, a ouvinte comum, ou, na era da imprensa, a leitora comum. Este livro, organizado e traduzido por Tomaz Tadeu, tenta cobrir os dois lados da equação. Do lado da produção, está o texto Anon (Autêntica, 192 pp, R$ 79,80 – Trad.: Tomaz Tadeu), escrito por Virginia um pouco antes de sua morte em 1941. Do lado da audição ou da leitura, está O leitor, texto que ela esboçara juntamente com o primeiro. A obra se completa com outros textos de Virginia que têm relação com a questão do anonimato. Num mundo e numa época em que reinam a visibilidade e a exposição, essas reflexões ainda têm sua importância. O anonimato é, em geral, resultado da repressão e do veto, mas também pode ser, como demonstra Virginia, um instrumento de protesto e rebelião. Anon vive.

[24/07/2024 07:00:00]
Matérias relacionadas
Edição reflete a força da bibliodiversidade no mercado livreiro da cidade e festeja a inauguração de quatro novas livrarias no Centro, em Laranjeiras, na Lapa e na Urca
Camilo Vannuchi traça um perfil envolvente e inspirador de um dos líderes da igreja progressista do Brasil
Mediado por Suzana Vargas, roda de leitura versa sobre os livros 'Bantos, Malês e identidade negra', de Nei, e 'O corpo encantado das ruas', de Simas
Leia também
Neste livro, Olúfẹ́mi Táíwò oferece um panorama crítico da identidade como importante plataforma de lutas coletivas, recuperando seu potencial revolucionário
O historiador David Potter reconstrói com precisão e originalidade a trajetória desse líder "extraordinário"
Coletânea revisita momentos centrais da atuação de Lebrun no Brasil, incluindo sua interlocução com Michel Foucault