Se você for um editor que tem a sorte de ter um ou dois autores prolíficos de séries em seu repertório, provavelmente deve estar aí sentado, com um ar presunçoso. Mesmo que assim seja, continue lendo. Se você for um editor que ainda não tem autor como esse em sua lista, continue lendo.
As séries de livros são uma mina de ouro. Em formato impresso, digital e em áudio. Valiosas para os leitores que absorvem as palavras avidamente e lucrativas para o autor e a editora, elas funcionam como um vantajoso adesivo que plataformas e varejistas simplesmente adoram porque ajudam a reter clientes.
E as séries não se limitam apenas ao Diário de um Banana e Harry Potter, às obras de George R. R. Martin, às da editora Harlequin, nem às de novas editoras exclusivamente digitais, como a dinamarquesa Steam. Cada gênero, cada subgênero, cada nicho de cada subgênero tem sua base de fãs fiéis e a capacidade de capitalizar nas séries. E as séries no âmbito do áudio são feras ainda maiores. Alimentadas pela epidemia de podcasts formadores de hábitos e energizadas por permitirem realizar várias tarefas ao mesmo tempo, as séries de audiolivros oferecem um terreno rico e fértil para editoras inteligentes.
Algumas análises de dados de leitura agregados de todas as plataformas da Beat Technology em 10 mercados europeus nos fornecem alguns insights fascinantes sobre as séries de livros, incluindo índices de retenção de leitores, índices de leitura completa de um livro e (além da narrativa em si), informações sobre quais outros elementos podem desencadear o sucesso de uma série.
O conceito de um leitor que passa ininterruptamente de um livro de uma série para o seguinte não é algo novo. É a crença ou a esperança das editoras que isso aconteça de alguma forma, mas até o momento, não era possível identificar de fato os hábitos dos leitores, apenas quantos exemplares cada título vende e quando. As ferramentas disponíveis no mercado impresso geralmente se restringiam a adicionar o capítulo de abertura do próximo livro da série no final de um livro ou promover as capas da série nas páginas finais de cada livro. É certo que o advento do Kindle aprimorou essa jornada com um leitor prestes a comprar o próximo título por meio de alguns cliques depois de completar a leitura, mas isso não é nada comparado ao contínuo método de reprodução automática no mundo atual dominado por assinaturas. Pelo menos, se você estiver fora dos ambientes Amazon/Audible do Reino Unido.
A publicação de séries de audiolivros é um negócio cujo foco é a retenção.
É claro que algumas séries conseguem reter seus leitores melhor do que outras. Portanto, é fundamental observar quais as características comuns dessas séries de sucesso:
Narrador – se o feedback sobre o narrador do primeiro livro tiver sido positivo, garanta que toda a série seja narrada pela mesma pessoa (se for condizente com a narrativa). As editoras e plataformas também se beneficiarão do enorme aumento da popularidade da “busca por narrador” nos serviços.
Design – garanta que as jackets [sobrecapas] tenham um tema com estilo claramente visível na relação entre os títulos.
Numeração – não seja tímido ao numerar a série. Seja no design da sobrecapa ou no título, o número mostra ao leitor que há mais a ser explorado. Inclua essa informação numérica na sinopse. Informe ao leitor que este é o livro 8 de 20.
Metadados – torne seus metadados à prova de bala. As plataformas e sua capacidade de oferecerem a próxima leitura perfeita (que, com sorte, será o próximo livro da série) florescem e são impulsionadas a partir dos metadados. Certifique-se de que as informações da série estejam no feed do ONIX.
Em todo o mundo, as plataformas de áudio que criam seu próprio conteúdo original estão implementando essas mesmas práticas de forma metódica – e colhendo suas próprias recompensas. Elas criaram seu próprio ecossistema de publicação orientado por dados, muitas vezes sem precisar pagar royalties contínuos ao autor, mas capturando toda a atenção do ouvinte-leitor e, além disso, prendendo-o a longo prazo.
Portanto, não vamos mais deixar essas simples lacunas sem preencher: unificar o design da capa, polir os metadados, usar a numeração, conferir mais de uma vez os campos ONIX, escolher os narradores de maneira inteligente e começar a publicar mais em série. Aproveite o espaço e o hábito já prósperos que estão disponíveis para serem explorados.
* Tradução de Carol Colffield
