'Memórias do subsolo' é uma obra única que parece antecipar o melhor da literatura moderna mundial
Condensando em uma novela toda a expressividade de seus grandes romances, esta é possivelmente a mais emblemática das narrativas curtas de Dostoiévski. Figura memorável tal qual Hamlet e Quixote, o “homem do subsolo” brota de criações da juventude do autor para posteriormente florescer em personagens como Raskólnikov (
Crime e Castigo) e Stavróguin (
Os demônios). Tendo “a excepcional infelicidade de habitar São Petersburgo, a cidade mais abstrata e premeditada de todo o globo terrestre”, o “homem do subsolo” zomba do “belo e sublime” ao empreender um dilacerante desnudamento das entranhas de sua alma. Marco não apenas na trajetória de Dostoiévski, como na própria literatura universal,
Memórias do subsolo (Todavia, 200 pp, R$ 59,90 - Trad.: Irineu Franco Perpetuo) abre caminho para os grandes romances da maturidade do autor. No panorama literário global, parece antecipar os abismos e paradoxos da melhor literatura da modernidade. Esta edição conta com ensaio de Tzvetan Todorov sobre essa obra-prima dostoievskiana.