No mês passado, a Vivendi, holding dona da Editis, anunciou a compra de 24,6 mil ações da Largadère, passando a deter 45,1% do capital social da dona da marca Hachette Livre, líder do mercado francês.
Mais tarde, a Vivendi adiantou que fará, em fevereiro, uma oferta pública para a compra de todas as ações da Largadère.
É uma compra de peso, a ponto de acender o sinal de alerta no Sindicato Nacional dos Editores da França, entidade à qual tanto Hachette quanto Editis são filiadas. A associação admoestou: “[o mercado francês] nunca antes foi ameaçado por tamanha concentração”.
O temor do sindicato é que a junção das gigantes Hachette Livre e Editis em um único grande conglomerado de mídia possa causar um desequilíbrio na indústria do livro na França.
“Preservar o acesso ao varejo e ao mercado de direitos, bem como às matérias-primas e aos meios de comunicação, é condição necessária para o desenvolvimento equilibrado do nosso setor, que já apresenta fortes desafios sociais, educacionais e culturais”, diz o comunicado divulgado pelo SNE.
A entidade, que congrega 720 editoras francesas, reiterou “o seu apego àquilo que está na base do grande dinamismo do setor: suas grandes diversidades editorial e comercial e as políticas que o sustentam”.
A agremiação clamou às autoridades francesas e europeias para que evitem a fusão dos dois grupos, prevenindo, com isso, qualquer risco de abuso de posição dominante e qualquer assimetria que afete a livre concorrência e a diversidade cultural.
Um grupo de escritores – entre eles Belinda Cannone, Irène Frain e Christophe Hardy – se formou com a mesma reinvindicação. “Quando dois grupos se devoram, não podemos permanecer meros espectadores de um estranho e lamentável espetáculo animalesco”, disseram os autores em artigo de opinião publicado no jornal Le Monde.
Em sua defesa, a Editis disse que o acordo visa “construir um player mais forte no mercado mundial, que está em grande turbulência” e que “participa ativamente na defesa dos livreiros independentes”.