O crítico e escritor inglês David Lodge, em
A arte da ficção, afirma que “a estrutura de uma narrativa é como a estrutura de vigas que sustenta os arranha-céus: você não a enxerga, mas é ela que determina o formato e as características do edifício”. Todas as histórias de C
omo ser ninguém na cidade grande (Penalux, 172 pp, R$ 40), de Luiz Roberto Guedes, possuem essa estrutura: só o escritor a enxerga, já que mal olhamos para as “vidas pequenas na esquina”, no dia a dia da cidade frenética. Na obra o leitor pode se preparar para idas e vindas pela metrópole paulistana, conduzido por um criador que “se ocupa de pessoas que não existem”. Como na história do mendigo que escrevia um diário, do advogado que adorava seduzir proletárias, do professor sessentão que se envolveu com uma adolescente, ou do estudante que alugava um quarto no apartamento da viúva solitária. Essa multiplicidade de olhares reflete um testemunho de nosso tempo, numa prosa direta e repleta da condição humana.