Publicado pela Companhia das Letras, ‘A resistência’ venceu o Prêmio Jabuti na categoria Romance
“Meu irmão é adotado, mas não
posso e não quero dizer que meu irmão é adotado”, escreve, logo na primeira
linha, Sebastián, narrador deste romance. Como em diversas obras que tematizam
a Guerra Suja — o regime de terror inaugurado em 1976 na Argentina —,
A resistência (Companhia das Letras, 144
pp, R$ 34,90), escrito por Julián Juks e vencedor do Prêmio Jabuti na categoria
romance e escolhido como livro do ano na categoria ficção, envereda pela
memória pessoal e nacional. Sebastián é o filho mais novo, e seu irmão adotado, o primogênito de um
casal de psicanalistas argentinos que logo buscarão exílio no Brasil. Os pais
conhecem bem as teorias sobre filhos adotados e biológicos (Winnicott, em
especial), mas a vida é diferente da bibliografia especializada. Cabe então ao
narrador o exame desse passado violento e a reescritura do enredo familiar. O
resultado, uma prosa a um só tempo lírica e ensaística, lembra belos filmes
platinos como
O segredo dos seus olhos.