Quando, em março de 2011, uma criança de Daraa, na Síria, escreveu no muro da escola "Abaixo o regime" e, sem saber, acabou deflagrando a guerra civil no país, Abud Said era um ferreiro que vivia na província de Alepo, em uma pequena casa, com a mãe e muitos irmãos. O Facebook era sua janela para o mundo, e foi ali que ele resolveu começar a sua "revolução pessoal", postando quase diariamente textos poéticos, críticos e provocativos, que chamaram a atenção de escritores e intelectuais no mundo inteiro e acabaram sendo publicados como e-book na Alemanha, onde ele vive atualmente como exilado político.
Poesia de amor e guerra, O cara mais esperto do Facebook (Editora 34; 96 pp.; R$ 38 – Trad. Pedro Martins Criado) é, enfim, um daqueles casos raros em que, graças a um acúmulo de potências literárias, a expressão local e individual, ganha poder de fogo coletivo e universal. No dia 3 de julho o escritor participa da mesa
Síria mon amour na Festa Literária Internacional de Paraty, às 10h, ao lado da jornalista Patrícia Campos de Mello.