Saramago escolheria Andrew Wylie como seu agente?
PublishNews, Leonardo Neto, 13/01/2015
Em 2008, o Prêmio Nobel escreveu criticando o agente literário, conhecido como o chacal do mercado editorial

Foi no apagar das luzes de 2014 que Nicole Witt, colunista do PublishNews e diretora da Agência Literária Mertin, recebeu um e-mail dos herdeiros do Prêmio Nobel de Literatura José Saramago. Na mensagem, os detentores dos direitos autorais de Saramago informaram que entregariam a representação da obra do escritor à Andrew Wylie, que em maio do ano passado, se fundiu com a espanhola Carmen Balcells, formando a superagência Wylie. A agência de Witt cuidava da obra do escritor desde 1986. “A mudança foi uma surpresa para a gente”, disse Nicole ao PublishNews. A agente lembra que Claraboia, publicado em mais de 30 países, acaba de ser vendido para os EUA, mercado reconhecidamente difícil para títulos em português e que o inconcluso Alabardas, alabardas, espingardas, espingardas foi vendido nos países chaves e será o título principal da sua editora na Alemanha neste semestre.

No site da Fundação José Saramago, há um comunicado sobre o assunto. “Esta mudança para uma agência de maior dimensão surge como um passo natural para assegurar uma maior presença e divulgação da obra do Prêmio Nobel português no circuito editorial internacional”, justifica a Fundação.

Curioso é que o próprio Saramago deixou, em seu blog um post com data de 18 de dezembro de 2008 em que criticava o modus operandi de Wylie. “Estas considerações não são mais que uma modesta glosa da excelente conferência pronunciada por Basilio Baltasar em finais de Novembro no México, com o título de “A desejada morte do editor”, na sequência de uma entrevista dada ao El País pelo famoso agente literário Andrew Wylie. Famoso, digo, embora nem sempre pelas melhores razões. Não me atreveria, nem seria este o lugar adequado, a resumir as pertinentes análises de Basilio Baltasar a partir da estulta declaração do dito Wylie de que “O editor é nada, nada” e que me recorda as palavras de Roland Barthes quando anunciou a morte do autor… Afinal, o autor não morreu, e o ressurgimento do editor amante do seu trabalho está nas mãos do editor, se assim o quiser. E também nas mãos dos escritores a quem vivamente recomendo a leitura da conferência de Basilio Baltasar, que deverá ser publicada, e um seu consequente debate”.

[13/01/2015 01:00:00]