A Festa Literária Internacional de Paraty acabou no domingo com momentos especiais para autores, editores e leitores – enfim todos envolvidos com o livro. Aliás, a bandeira das festas literárias brasileiras parece ser esta: proporcionar a vivência entre os mundos da literatura, sejam eles de realidade, denúncia, emoção, mistério, drama e, ajudem-me autores na continuação dessa lista, que percorrem suas frases nos livros.

Um espaço reservado aos livros, onde o silêncio não impera, é sempre cheios de ideias, reflexões, interpretações, debates, controvérsias - isso para alguém que esteja pensando: “só futebol no Brasil provoca discussão em mesa de bar...” Garanto que quem acha isso nunca passou por uma festa literária.

Ronaldo Correia de Brito declarou na Flip-2010 que “deixa buracos nas histórias para que os leitores também possam narrar”. Mas, andando nas ruas das festas literárias, vamos perceber que talvez não seja só o Brito a fazer isso, pois as conversas vão desde do jeitão de cada autor até uma vírgula instigante, molhada por goles de bebidas e muito bate-boca.

A emoção de conseguir chegar perto do “dono das palavras de seu livro preferido” - claro que sem o livro em mãos e acabar, vergonhosamente, pedindo um autógrafo no guardanapo do carrinho de cachorro quente ali do lado mesmo. Ouvir disfarçadamente ou descaradamente, jornalistas entrevistarem autores, editores, coordenadores, professores sobre a festa que você está. Sim, você é parte da festa. Você interfere na decisão dos organizadores de continuar com este evento das palavras escritas e publicadas. São umas entre as inúmeras coisas para se guardar na memória.

Todavia, se neste ano você pensou, que ia sair de Paraty e ficar saboreando suas novas descobertas da literatura, pode mudar seus planos. Terá apenas quatro dias de folga e logo estará passando pelas catracas da 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, onde entrará num turbilhão de eventos de todos os tipos, tais como: cozinhando com palavras, salão de ideias, palco literário, espaço do professor, território livre, espaço da lusofonia, espaço digital e exposição Monteiro Lobato, o livro é uma viagem, fábulas com a turma da Mônica, exploração discovery kids. Isso sem contar os programas especiais dos patrocinadores e dos expositores.

De novo, nos corredores da Bienal, você vai presenciar cenas de seus autores e editores preferidos, como negócios sendo acertados, assistindo a debates, pegando autógrafo no seu livro, trocando minutos ou horas de conversa com o autor que admira e vivenciando livros a sua maneira.

Como leitor, você pode escolher em que eventos ou lançamentos vai, porém tem autores que ainda serão convidados da 9ª Feira Nacional do Livro da Baixada Santista, depois seguem a Feira do Livro de Frankfurt, podem ainda passar pelo Salão do Livro de Presidente Prudente e terminam outubro na 56º Feira do Livro de Porto Alegre.

Agenda de autores, agentes literários e editores é carregada no segundo semestre. Acrescente na lista a 6ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes e 1º Salão Internacional do Livro da Paraíba para novembro. Termina a lista em dezembro com o 1º Salão Internacional do Livro da Paraíba. Entretanto, no meio de circuito das letras publicadas, você, como aspirante a autor, pode ter a chance de entrar em contato com editores e agentes, conseguindo que sua obra seja avaliada para futura edição.

No final, saiba que o principal tema de todos os eventos acima e outros que não estão aqui, será o livro digital. Discutido de forma aberta ou em rodas mais fechadas. Com certeza, uma das questões será a lembrada por Robert Darnton na Flip, que, incomodado com a ganância das grandes corporações, defendeu que o conhecimento deve pertencer a todos. Ele acha que a discussão dos direitos autorais quando se fala em e-books e digitalização dos livros tem um lado negativo, que é a possibilidade de monopólio do conhecimento.