Uma mulher sem ambição (DBA, 160 pp, R$ 49,90), livro de Sabina Anzuategui, narra com humor depressivo um mês na vida de Mercedes. Após um período vivendo o estereótipo da mulher casada e bem-sucedida, a ela parece ter perdido o norte e abandona a profissão de roteirista de TV, "uma carreira criativa que muita gente sonha ter", por achar que é uma grande enganação, cheia de projetos ruins e chefes ignorantes. Enquanto esquiva-se de boletos e lida com a geladeira vazia, Mercedes passa seus dias vagando entre os centros culturais da cidade, em sessões de filmes gratuitos e botecos de cinéfilos. Cercada de intelectuais de happy hour que gostam de futebol, bebem Itaipava e riem de trocadilhos bestas, ela se angustia com a falta de dinheiro e se consola em noitadas ocasionais. Ambientado em 2010, um mês antes da Copa do Mundo, o livro mostra uma época de ilusões coletivas de felicidade, em que as personagens procuram seus caminhos, meio perdidas pelo excesso de liberdade. Narrado em forma de diário, a obra oferece, em tom cômico e espirituoso, a perspectiva agridoce de uma geração à qual foi prometida um futuro brilhante, e que foi forçada a reajustar suas expectativas.