Publicidade
Livraria Cultura implanta projetos de inclusão social
PublishNews, Talita Facchini, 07/12/2017
Projetos Nova Página e Cultura Sem Fronteiras empregou no último mês refugiados e pessoas em situação de rua

Há pouco mais de um mês, a Livraria Cultura deu mais um passo para reforçar a sua identidade como uma empresa que aposta na diversidade e deu a oportunidade de recomeçar para várias pessoas. A rede colocou em prática os projetos Cultura sem Fronteiras e Nova Página, que empregam, respectivamente, refugiados e pessoas em situação de rua.

O projeto Cultura sem Fronteiras surgiu a pedido de Pedro Herz, e acontece com a ajuda da ONG Estou Refugiado, que entrega os currículos para a Cultura analisar. Já o Nova Página, ideia de Sérgio Herz, CEO da Cultura, conta com a ajuda do projeto Trabalho Novo, encabeçado pela prefeitura de São Paulo, em parceria com a ONG Rede Cidadã, que recebe as pessoas em situação de rua, oferece um treinamento prévio e redireciona para a empresa.

Segundo Juliana Brandão, diretora de Operações e Coordenadora de Recursos Humanos da Cultura, atualmente são 15 pessoas empregadas como parte do Nova Página e oito no Cultura sem Fronteiras (dois em São Paulo, três em Recife e quatro em Brasília). “Num primeiro momento nós tínhamos pensado em vagas para auxiliar de limpeza para depois, se fosse o caso, ir redirecionando para outras áreas, mas de cara nós vimos que tinha gente preparada pra assumir outras funções, então temos pessoas contratadas como auxiliar de vendas, auxiliar administrativo e vigilante”.

Mamadu Korka Balde veio da Guiné e agora integra o projeto Cultura Sem Fronteiras | © Mauricio Felipe
Mamadu Korka Balde veio da Guiné e agora integra o projeto Cultura Sem Fronteiras | © Mauricio Felipe

Antes de colocar os projetos em prática, algumas questões tiveram que ser pensadas para que os projetos passassem do primeiro mês sem muita evasão, como por exemplo, a questão do primeiro salário e a dificuldade para se abrir uma conta no banco. “Para se abrir uma conta é necessário o comprovante de residência e essas pessoas não tinham, então juntamos todos os documentos deles e ligamos para o Itaú, que é o banco que nos atende e pedimos uma ajuda”, contou Juliana, que acredita que a ajuda de outras empresas é fundamental para o sucesso dos projetos. “É uma dica que eu dou pra quem quiser aderir a esses projetos, contar com outras empresas, porque a ajuda vem com muita facilidade, quando explicamos como tudo vai funcionar, elas se sensibilizam e ajudam”.

A Cultura já era uma empresa conhecida pela diversidade e segundo Fernanda Baggio, coordenadora de Treinamento e Desenvolvimento, agora sim, a rede pode afirmar isso de “boca cheia”. “É uma situação de muita alegria, e essas pessoas estão trazendo um novo ar pra gente. Nós abraçamos a causa de vez”, disse animada.

O projeto Nova Página ofereceu emprego para 15 pessoas em situação de rua | © Mauricio Felipe
O projeto Nova Página ofereceu emprego para 15 pessoas em situação de rua | © Mauricio Felipe

O resultado até agora, segundo Juliana e Fernanda, tem sido super positivo, tanto pela troca de experiências que os projetos proporcionam, mas mais ainda pela entrega de todas as pessoas envolvidas. “Eles dão muito valor ao trabalho e ensinam a gente a valorizar o nosso trabalho também”, conta Fernanda.

Para Adelson Gonçalves da Cruz Pinto, auxiliar de limpeza que integra o Nova Página, estar na Cultura é o início de uma nova fase. “Quando a livraria abriu as portas pra gente, ela abriu um novo mundo praticamente, é ótimo ter um trabalho e tivemos o maior apoio para ficarmos tranquilos aqui”, relatou. Alexandro de Luzia, também auxiliar de limpeza contratado dentro do Nova Página, completa: “Nós fazemos a nossa parte, trabalhamos certinho, somos pontuais, e o pessoal da Cultura também é atencioso com a gente, então é ter esperança para que dê certo para todo mundo”.

Já Mamadu Korka Balde, 24 anos, veio da Guiné (África), e integra o projeto Cultura sem Fronteira. Ele está no Brasil desde fevereiro e durante esses nove meses aprendeu sozinho a falar português. Para ele, trabalhar na Livraria Cultura é uma oportunidade única. “A livraria me deu muita coisa nesse tempo e é muito importante pra mim porque me dá vontade de viver. Aqui dentro tenho acesso à informação, cultura, história e posso também compartilhar a minha história e cultura com eles”, disse em português bem claro à nossa redação.

Os planos para os próximos meses é continuar com o projeto e até expandir para dar oportunidade para mais pessoas. “Esses projetos não servem para nos promover, mas sim para inspirar, porque é muito positivo, tanto para o refugiado e a pessoa em situação de rua, quanto para a empresa e para as pessoas que estão em volta,. É um investimento que vale super a pena”, finaliza Juliana.

[07/12/2017 09:00:00]
Matérias relacionadas
Rede fechou a loja icônica na Avenida Paulista e diz que pretende encontrar novo local para funcionar; STJ deve definir situação sobre a falência em breve
Livreiro mostrou que, mesmo em nosso país, ágrafo e pobre em leitores, uma loja de livros pode e deve ser glamorosa, uma atração da cidade
Num mercado que desde meados dos anos 1980 foi se deixando dominar pelo modelo da consignação, Pedro insistiu em sempre realizar compras para abastecer a sua livraria
Leia também
Nova editora do Grupo Elo Editorial é voltada para a educação e conta com pautas com alta demanda no mercado atualmente, como a diversidade
Atuação é no Rio de Janeiro e é preciso ter experiência comprovada na área
Listas divulgadas agora pelo PublishNews apontam quais editoras se posicionam melhor quando o assunto é faturamento por ISBN vendido