Edward Lear (1812-1888) exerceu tremenda influência sobre Lewis Carroll, o autor de Alice no País da Maravilhas, tanto na escrita como no traço – e, principalmente, no uso do nonsense em suas histórias. Exemplo disso é o livro Conversando com varejeiras azuis (Iluminuras, 128 pp, R$ 45; - Trad.: Dirce Waltrick do Amarante), que reúne pequenos contos, além dos seus populares limeriques (limericks) – poemas com rimas ‘nonsense’ em que a última linha é praticamente idêntica à primeira (e igualmente carente de sentido). Seus personagens são excêntricos e inadaptáveis à norma, sofrendo nas mãos da sociedade intolerante. O conto de abertura do livro, A história de quatro criancinhas que deram a volta ao mundo, é uma antítese da literatura infantil edificante do século 18. As quatro criancinhas do título – Violeta, Stilingue (Sligsby, no original), Guy e Lionel – decidem viajar pelo mundo de barco, aportando em ilhas desertas ou repletas de papagaios, até que topam com a ilha das varejeiras azuis, das quais se tornam amigos. No fim, o barco é destruído por um enorme peixe e eles são resgatados por um rinoceronte.