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Silvana Tavano e Ana Maria Vasconcelos são as vencedoras do Prêmio Oceanos
PublishNews, Redação, 10/12/2025
Edição contou com o número recorde de 3.432 livros inscritos e premiou duas brasileiras nas categorias prosa e poesia, que foram criadas em 2023

O Prêmio Oceanos anunciou na noite desta terça-feira (9) as autoras brasileiras Silvana Tavano e Ana Maria Vasconcelos como as grandes vencedoras de 2025. Entre os cinco finalistas de cada categoria, Silvana foi a vencedora com seu romance Ressuscitar mamutes (Autêntica Contemporânea) e Ana Maria com o livro de poesia Longarinas (7Letras). Edição contou com o número recorde de 3.432 livros inscritos. Desde 2023, a premiação de língua portuguesa passou a contemplar autores nas categorias de prosa e de poesia; Silvana e Ana são a primeira dupla de um país a ser premiada em uma mesma edição do Oceanos.

O escritor e ativista indígena Daniel Munduruku participou da cerimônia, lembrando ao público da importância de se conhecer a literatura indígena do Brasil. “É necessário para que a sociedade brasileira enxergue a si mesma pelo convexo do espelho e possa, assim, perceber o quanto tem perdido ao deixar tão ricos olhares fora da construção de uma identidade que se faz da nossa ancestralidade”, disse ele, ganhando aplausos da plateia.

O âmbito transnacional do prêmio ficou evidenciado nos quatro países incluídos entre os dez finalistas do prêmio, assim como na diversidade das 13 editoras classificadas para concorrer à etapa final. O número maior de editoras em relação ao número de livros se explica porque três das obras foram publicadas em mais de um país.

A premiação destacou a sinopse de Ressuscitar mamutes como "histórias de indivíduos que, confrontados com a morte, vão em busca de suas origens, memórias, relações pessoais e familiares" e classificou que a poesia de Ana Maria Vasconcelos, em Longarinas, "prima pela consciência formal, num livro em que formas breves compõem conjuntos instigantes".

Segundo o curador brasileiro Manuel da Costa Pinto, o vencedor de poesia, Longarinas, quarto livro de Ana Maria Vasconcelos, privilegia a forma curta para tratar da passagem do tempo e da permanência; uma poesia que se organiza em torno do mínimo e da observação. A poeta alagoana foi semifinalista do Oceanos 2024, com o livro O rosto é uma máquina aquosa (Ofícios Terrestres).

E para Manuel, o vencedor de prosa, Ressuscitar mamutes, segundo romance de Silvana Tavano, mescla os registros do ensaio e da ficção, cruza especulações e experiências científicas com o relato de uma experiência de luto. “O resultado é uma narrativa que aborda de modo imaginativo e comovente as possibilidades de lidar com o tempo, de fazer uma redenção e uma modificação do passado (e, portanto, do futuro) pela imaginação", disse o apresentador do programa literário Entrelinhas, em nota enviada à imprensa.

Finalistas prosa:

  • A cegueira do rio, Mia Couto – Moçambique. Romance publicado pelas editoras Caminho (Portugal), Companhia das Letras (Brasil) e Fundação Fernando Leite Couto (Moçambique);
  • As melhoras da morte, Rui Cardoso Martins – Portugal. Romance da Tinta-da-China (Portugal);
  • Mestre dos batuques, José Eduardo Agualusa – Angola. Romance publicado pela Quetzal (Portugal) e pela Tusquets (Brasil);
  • Ressuscitar mamutes, Silvana Tavano – Brasil. Romance da Autêntica (Brasil);
  • Vermelho delicado, Teresa Veiga – Portugal. Livro de contos da Tinta-da-China (Portugal).

Finalistas poesia:

  • As coisas do morto, Francisco Guita Jr. – Moçambique. Publicado pelas editoras Gala-Gala (Moçambique) e Kacimbo (Angola);
  • Coram populo - Poesia reunida [2], Maria do Carmo Ferreira – Brasil. Publicado pela editora Martelo (Brasil);
  • Lições da miragem, Ricardo Gil Soeiro – Portugal. Publicado pela editora Assírio & Alvim (Portugal);
  • Longarinas, Ana Maria Vasconcelos – Brasil. Publicado pela editora 7Letras (Brasil);
  • O pito do pango & outros poemas, Fabiano Calixto – Brasil. Publicado pela editora Corsário-Satã (Brasil).

O júri dos finalistas

A avaliação dos livro finalistas ficou a cargo dos brasileiros: Bernardo Ajzenberg (jornalista, tradutor, editor e escritor) e Wellington de Melo (escritor, editor e professor universitário na UFPE); o moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa (escritor integrante da lista dos cem melhores autores africanos do século XX), e os portugueses Carlos Maria Bobone (escritor, editor e crítico literário) e Sara Figueiredo Costa (jornalista, colaboradora de publicações na área da crítica literária e do jornalismo cultural).

Já o júri em poesia teve angolana Ana Paula Tavares (historiadora e poeta, ganhadora do Prêmio Camões 2025); os brasileiros Juliana Krapp (jornalista, poeta, finalista do Oceanos 2024) e Rodrigo Lobo Damasceno (ensaísta e poeta, finalista do Oceanos 2025), e os portugueses Daniel Jonas (tradutor e poeta) e Rosa Oliveira (professora, ensaísta e poeta).

O prêmio

O Oceanos é realizado via Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), pelo Ministério da Cultura, e conta com o patrocínio do Banco Itaú, da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas da República Portuguesa, o apoio do Itaú Cultural, da Biblioteca Nacional de Moçambique e do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde; e o apoio institucional da CPLP. O Prêmio Oceanos é administrado pela Associação Oceanos, em Portugal, e pela Oceanos Cultura, no Brasil.


[10/12/2025 10:12:19]
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