
Para Luara Almeida, editora de Literatura Infantil e Juvenil na Via Lúdica e doutora em Literatura e Crítica Literária, a coleção Clássicos ao Quadrado nasce do desejo de manter a literatura clássica viva e pulsante entre todos os públicos. “Adaptações de clássicos em quadrinhos são uma via de mão dupla: de um lado, os leitores jovens podem começar a se interessar pelos clássicos por meio da linguagem dos quadrinhos; de outro, os leitores da literatura tradicional podem conhecer quadrinistas contemporâneos e experimentar o prazer da leitura das HQs. É muito importante que a literatura circule, que obras e autores tão importantes cheguem a cada vez mais leitores. Essa é a proposta da coleção”, explica a editora.
Para Davi Calil, fazer uma parceria, mesmo que póstuma, com um grande escritor da literatura brasileira, como o Lima Barreto, é um dos elementos que tornam um trabalho em quadrinhos tão interessante. “Quando uma pessoa está lendo sobre o Rio de Janeiro do século XX, por exemplo, você não sabe se ela tem uma imagem de como era a cidade naquela época. E, nas HQs, o quadrinista precisa dar formas e cores para toda a história. Então, existe muito trabalho de pesquisa para criar um ambiente que seja convincente e que transporte o leitor para a atmosfera do tempo retratado”, explica Calil.
Davi acredita que uma das suas responsabilidades como adaptador é ter muito cuidado e respeito com a obra dos escritores, para que o quadrinho possa se tornar uma porta de entrada para que leitores descubram Lima Barreto.
“Às vezes, uma imagem colorida e vibrante é mais convidativa para iniciar o contato com uma narrativa. E aí o leitor, ao descobrir depois que o quadrinho que está lendo é baseado em um conto, pode despertar a vontade de ler a história original e até conhecer o autor [Lima Barreto] mais a fundo, com outras obras e até outros quadrinhos baseados em obras dele.” E até mesmo o contrário pode acontecer, quebrando estigmas de que quadrinhos estão restritos a um certo público ou idade. “Do mesmo jeito que o quadrinho pode apresentar Lima Barreto para o público, quem gosta dele e não lê quadrinho pode se arriscar e passar a consumir o formato”, conclui.


