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Tese antirracista de doutorado vira livro pela Folha de Ouro Editora
PublishNews, Redação, 13/11/2025
'Racismo x antirracismo - Guerra injusta e dever de reparação' será lançado com festa no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), na zona portuária do Rio

Capa do livro e Carlos Leal © Divulgação
Capa do livro e Carlos Leal © Divulgação
Motivado por uma famosa e repetida frase de Angela Davis — “Não basta não ser racista. É necessário ser antirracista" —, Carlos Leal foi em busca de respostas e produziu uma tese para concluir o doutorado em Filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Tese que foi transformada no livro Racismo x antirracismo - Guerra injusta e dever de reparação (Folha de Ouro Editora), que será lançado com festa no dia 30 de novembro, no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), na Gamboa, zona portuária do Rio de Janeiro.

O evento Em nós para além de nós foi idealizado pela irmã de Carlos, a atriz Cinnara Leal, para receber o livro em família. Vai começar às 11h com um cortejo sob a batuta dos grupos afro Olodum e Orunmilá. Em seguida, Carlos vai receber o público para autografar os livros. Ainda haverá roda de jongo e xequerê, contação de histórias e a roda de samba feminina Samba de Benguela, em homenagem a Tereza de Benguela — escravizada que liderou um quilombo no Mato Grosso na era setentista.

“O livro, portanto, é uma adaptação da tese deste doutorado e, nele, apresento a minha resposta para a pergunta, afirmando que antirracismo é reparação. Não qualquer reparação, mas aquela que desfaça a condição de inferiorização social na qual vivem os negros e negras brasileiras", disse o escritor ao PublishNews. Foram quatro anos de uma pesquisa complexa e dolorosa.

Carlos diz que “foram 25 gerações sucessivas e ininterruptas de pessoas escravizadas. Isto foi uma guerra de escravização! Depois da abolição, diversas ações prejudicaram os negros na exata medida em que favoreciam os brancos. Isto foi e continau sendo uma guerra de perseguição”. Compreender o racismo desta forma, diz o livro, nos ajuda a vê-lo como se deu a “organização assimétrica da vida em sociedade entre negros e brancos", nas palavras do autor.

Este é o primeiro livro de Carlos Leal, irmão da atriz Cinnara Leal. Aos 52 anos, nascido e criado na Penha, subúrbio carioca, Carlos estudou Física na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), foi dirigente sindical na juventude, é bacharel em Direito pela UFRJ, com pós graduação em Direito Constitucional, e trabalha há quse três décadas no Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. Toda essa experiência de vida serviu de pano de fundo para o livro.

Carlos menciona números do Censo de 2022 para chamar a atenção de você, leitor: Há 42 milhões de pessoas negras vivendo abaixo da linha da pobreza, das quais 4,5 milhões são crianças com menos de dez anos. “Precisamos seguir ganhando espaço no mundo para modificar esse ‘estado normal’ no qual vivemos. Queremos mais âncoras de telejornais negros, queremos mais CEOs negros, mais escritores negros na ativa. Se nada fizermos, a pobreza vai atingir cada vez mais a população negra do país".

O casarão do Muhcab fica na Rua Pedro Ernesto, 80, na Gamboa, Rio de Janeiro, e todas as atividades serão gratuitas.

Tags: Muhcab
[13/11/2025 09:32:49]
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