Referências a Davi Kopenawa, Ailton Krenak e Euclides da Cunha mostram a forte conexão de Dénètem Touam Bona com o Brasil
Em
Sabedoria dos cipós – Cosmopoéticas do refúgio (Ubu, 144 pp, R$ 59,90 – Trad.: Ana Lucia do Carmo Dantas e Fernando Scheibe), Dénètem Touam Bona propõe uma reflexão sobre as formas de vida e resistência que escapam à lógica ocidental-colonial de dominação, classificação e controle. Tomando a figura do cipó – planta trepadeira, flexível, que cresce de maneira desordenada, sem hierarquias –, o autor desenvolve o conceito de cosmopoética da fuga, inspirada em saberes indígenas, afrodescendentes e da floresta e na dança. O cipó, fio condutor que entrelaça os quinze ensaios do livro, não apenas por sua presença biológica, mas por seu caráter simbólico, encarna um modo de pensar que serpenteia, se camufla, contorna e resiste. Édouard Glissant, Joseph Conrad, Frantz Fanon, Nastassja Martin, Fernand Deligny, Tim Ingold são algumas das referências que alimentam o emaranhado do livro, e em especial a presença de Davi Kopenawa, Ailton Krenak e Euclides da Cunha mostra a forte conexão do autor com o Brasil.