Em 'Coisas presentes demais' a narradora se aproxima da avó — figura enigmática e exuberante, agora em processo de apagamento pela doença de Alzheimer
Em
Coisas presentes demais (
Relicário, 188 pp, R$ 65,90), de Flávia Péret, a narradora se aproxima da avó — figura enigmática e exuberante, agora em processo de apagamento pela doença de Alzheimer — por meio de fragmentos de memória, imagens, gestos e silêncios. Diagnosticada com Alzheimer, começa a se apagar a pessoa fascinante que foi essa mulher caleidoscópica, nascida em 1930, destinada a ser o anjo do lar – como diria Virginia Woolf –, mas cuja força a faz escapar, não sem violência, dessa armadilha. Entre visitas à casa de repouso e lembranças de infância, nasce uma narrativa em mosaicos marcada pela delicadeza e pela investigação do olhar: o da avó sobre a neta, o da neta sobre a avó, e o da mulher que a narradora se torna ao revisitar essa relação. Uma reflexão sobre a memória, o esquecimento, a herança e o amor.