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O não dito
PublishNews, Redação, 16/09/2025
Escritora Lara Haje toma as situações desse cotidiano e as revira como fruta aberta ao meio, revirada ao contrário, entranhas expostas

O lado oculto de uma família disfuncional – do dicionário: algo que não está funcionando, que apresenta defeitos ou problemas, ou que não cumpre a sua função –, ou de todas as famílias disfuncionais em um mundo cada vez mais disfuncional. A escritora Lara Haje toma as situações desse cotidiano e as revira como fruta aberta ao meio, revirada ao contrário, entranhas expostas. Essa é a sensação ao ler seu livro de estreia, Eu não disse (Cachalote, 136 pp, R$ 54,90), contos que também podem – e devem – ser lidos como romance, e que a despeito dos temas duros que encerram, contém humor. Este aparece nas entrelinhas, nas ações e reações mais que humanas de cada personagem em que reconhecemos nossa própria família, nosso círculo de amizades e, por que não, nós mesmos. O livro abre com o “dia seguinte ao enterro”. Alguém tirou a própria vida, mas esta precisa continuar e é necessário encontrar tábuas na rotina em que se segurar. A seguir vem os relatos da filha e do filho, e das pessoas envolvidas naquela circunstância, cada um (sobre)vivendo à sua maneira à influência daquele que está irremediavelmente entranhado em seus corações e mentes, em suas células.

Tags: Cachalote, Contos
[16/09/2025 11:23:23]
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