
A aldeia onde viviam os Ibejis enfrentava um ciclo estranho, com as plantações secas, os peixes escassos e até mesmo o desaparecimento de seus moradores. Até que os mais velhos resolveram consultar Ifá e descobriram que a culpa dessa bagunça era de Iku, a entidade da morte que perdeu o seu rumo. A missão de encaminhar tudo ao seu lugar coube aos irmãos e de seus toques certeiros no tambor mágico.
“Através da sensibilidade própria das crianças, os Ibejis conseguem desvelar as coisas, mesmo que às vezes elas insistam em se disfarçar. O ilustrador e eu somos devotos da festa e das crianças e procuramos nas nossas memórias de rua, quintal e terreiro, a melhor forma de ofertar essa história - essa que é compartilhada desde a doçura dos saquinhos de doce, mas também da coragem e sagacidade do povo miúdo que dobra o aperto plantando beleza e graça", diz o autor carioca.
Com texto fluido e cadenciado, Rufino resgata a força da oralidade e das tradições afro-brasileiras, propondo uma pedagogia sensível baseada no ritmo e na imaginação. “O que espanta o aperreio é a festa”, destaca um trecho do livro, fazendo reverência à sabedoria das infâncias. E as ilustrações de Martins acompanham esse espírito encantatório, evocando elementos dos terreiros, dos quintais e das rodas com cores e formas que dançam nas páginas.
Este livro faz uma releitura de um mito tradicional transposto para os dias de hoje, especialmente nas imagens de uma cidade atual e com problemas modernos, mostrando que as histórias ancestrais nos ensinam e fazem sentido que ultrapassam o tempo e o espaço.
Tambor encantado dos Ibejis é o primeiro livro do professor e escritor Luiz Rufino publicado pela Pallas Editora, e o terceiro de Camilo Martins.


