
Para o sobrinho da poeta, Rogério Ferreira Cardoso, este é um reconhecimento histórico da obra da tia, que está hospitalizada e já com um gradual declínio da consciência, há um ano e meio. “Para ela é um reconhecimento muito importante ganhar o Prêmio Academia Mineira de Letras, embora ela não tenha procurado esse reconhecimento; ela escreveu muito e divulgou pouco. Mas, na verdade, quem mais se beneficia é o público, por conhecê-la e ter acesso a toda a sua obra”, afirma.
Organizado por Fabrício Marques e Silvana Guimarães, o trabalho de reunir a poesia dispersa foi um desafio. “Essa publicação reúne uma parte substancial da produção poética de Maria do Carmo Ferreira. Nela, os interessados poderão conhecer as principais linhas de força da sua poesia”, explicam os organizadores. “O conjunto de poemas era enorme, não estava organizado e exigiu um trabalho apurado. Toda a poesia dela é muito bem elaborada, inventiva e audaz. A tarefa obrigou-nos também a fazer uma revisão rigorosa, considerando o Acordo Ortográfico de 1990 e os neologismos que a autora criou em diversas línguas”, acrescentam.
Os organizadores afirmam que convencer a poeta a autorizar a publicação não foi simples. No posfácio de Cave Carmen, Silvana lembra: “Eu não me conformava com o verbo desistir. E insistia na publicação de seu livro, na importância que ele teria para a poesia, fazia das tripas coração para convencê-la, mas ela permanecia inflexível. Muitas vezes, desligou o telefone na minha cara, pedindo-me que não ligasse mais para falar desse ‘assunto’”. A persistência deu resultado, e agora a trilogia conquista seu primeiro prêmio — justamente em Minas Gerais, terra natal da poeta. “Recebemos a notícia com muita emoção. Ser reconhecida pelos escritores e poetas que compõem a AML é motivo de muito orgulho para nós: quem escreveu esta obra, quem a organizou e quem a editou”, celebram Fabrício e Silvana.
O Prêmio Academia Mineira de Letras acontece por indicação dos acadêmicos da AML e premia, anualmente, livros lançados por autores mineiros (ou radicados em Minas há, pelo menos, 5 anos) no ano anterior ao da premiação. O Prêmio será entregue em sessão solene, convocada pelo Presidente da AML, em outubro deste ano.


