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As contradições e a humanidade do sertão
PublishNews, Redação, 05/08/2025
'Depois do trovão', de Micheliny Verunschk, investiga a formação de um país marcado pela violência ao iluminar o episódio da Guerra dos Bárbaros

Durante os séculos XVII e XVIII, a Coroa portuguesa financiou expedições pelo interior do Nordeste do Brasil com o objetivo de extinguir os povos da região, num longo conflito que ficou conhecido como "Guerra dos Bárbaros". Bandeirantes paulistas lideraram várias dessas tropas, devastando as comunidades por onde passavam. Essas disputas são o pano fundo de Depois do trovão (Companhia das Letras, 228 pp, R$ 79,90), romance de Micheliny Verunschk que tem como protagonista Auati, filho de uma indígena com um frei jesuíta. Levado ainda jovem pelo próprio pai em uma dessas missões, ele é forçado a participar da destruição em série e a se reinventar como Joaquim Sertão. O que fazer quando ele próprio é vítima e perpetrador de tamanha atrocidade? Em que medida a guerra consegue embrutecer uma pessoa e esconder quem realmente se é? Com um árduo trabalho de linguagem — que recorre a elementos do português castiço, da língua mirandesa, do tupi-guarani, do nheengatu paulista e das línguas tapuias —, Micheliny Verunschk segue a tradição de autores como Guimarães Rosa e Maria Valéria Rezende e ilumina as contradições e a humanidade do sertão, em um trabalho que dialoga diretamente com O som do rugido da onça e Caminhando com os mortos.

[05/08/2025 07:00:00]
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