A obra Uterodrama (Ágora, 272 pp, R$ 70) aborda a invenção do corpo, do útero e da menstruação pela narrativa binária do Ocidente, evidenciando como esse discurso permeia corpos, imaginários e somatizações na atualidade. Com um viés crítico, a psicóloga Laura Vomero questiona o pensamento normativo sobre a menstruação e reflete sobre a importância de redesenhar políticas públicas para que todos os corpos possam menstruar com dignidade. Uterodrama discute também como corpos com útero que não menstruam podem se reconectar com seu órgão livres de estigmas. A obra apresenta casos clínicos em processo terapêutico, ressaltando a importância do contato com o útero, os ovários e a menstruação para uma compreensão psicossomática do corpo, o acesso a memórias e sentimentos e a possibilidade de uma vivência mais integrada. Vale mencionar que a temática da obra vem ganhando destaque não apenas na sociedade em geral, mas também nos espaços políticos, onde corpos trans e pessoas que menstruam têm reivindicado seus direitos e o acesso a políticas públicas. A obra também pode interessar a profissionais da saúde que buscam um olhar mais amplo sobre o corpo, sem restringir a menstruação e o útero a questões relacionadas a doenças ou gravidez.