No livro A poesia do nome (Elo Editora, 116 pp, R$ 66), a escritora, editora, atriz e pesquisadora de literatura Maria Viana resgata a presença feminina na arte ao reunir dez nomes de mulheres que marcaram a história por meio das criações que inspiraram. A obra propõe uma análise de como essas musas despertaram diferentes sentimentos e interpretações em seus criadores. Beatriz, por exemplo, é a figura que conduz o eu lírico em A divina comédia, de Dante Alighieri, mas também foi evocada em versos de Gregório de Matos e Humberto de Campos. Já Dulcineia, personagem de Cervantes em Dom Quixote de la Mancha, também inspirou o brasileiro Álvares de Azevedo e o português Nicolau Tolentino. Além delas, aparecem Cleópatra — esta inspirou até Machado de Assis a versar (“Era rainha e formosa, sobre cem povos reinava/ E tinha uma turba escrava, dos mais poderosos reis”) —, Helena, Julieta, Laura, Marilia, Lídia, Ofélia e Salomé. O livro percorre a interseção entre literatura e pintura, investigando as nuances dessas homenagens e a força simbólica dos nomes femininos na arte. Com uma abordagem sensível, o livro convida o leitor a repensar o papel da mulher na produção artística: musa, sim, mas também criadora, este último atributo muitas vezes apagado da história. A autora propõe um diálogo entre passado e presente, ampliando o olhar sobre a representação feminina e sua influência na cultura.