
Figura proeminente da vida intelectual no início do século XX, João do Rio (1881-1921) foi cronista prolífico, mas também autor de romances, ensaios, contos, peças de teatro, conferências sobre dança, moda, costumes e política. Como pioneiro da crônica moderna, mudou o modo de fazer jornalismo. Além disso, registrou a história de uma cidade que se transformava de maneira vertiginosa, com humor, sagacidade e instinto etnográfico.
“João do Rio não separou jornalismo de literatura. Sua busca por transformar o ofício em grande arte é um convite a pensarmos no fazer literário em seu campo expandido”, comenta Mauro Munhoz, diretor artístico da Flip.
Entre suas principais obras estão A alma encantadora das ruas, Vida vertiginosa, Dentro da noite e As religiões no Rio. Sua obra se encontra atualmente em domínio público. Entre as editoras que editaram sua obra mais recentemente, estão a José Olympio, Companhia das Letras, Carambaia, Global, Nova Fronteira, Lazuli, e outras.
O escritor, que conquistou uma vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL) aos 29 anos, era um personagem múltiplo e controverso. Percorreu o mundo, colecionou admiradores e desafetos e abraçou as polêmicas com coragem – desde mergulhar nas religiões de matriz africana, tão populares mas tão oprimidas no Rio de Janeiro na época, a traduzir e divulgar a obra de Oscar Wilde, o que levou a especulações sobre sua sexualidade. Vestia-se como um dândi, arrumando brigas, despertando gargalhadas, mas nunca passando despercebido.
“João do Rio era e continua sendo uma figura contraditória. Por um lado, era fascinado por Paris, por outro, subia o morro do Rio de Janeiro com muito gosto, da mesma forma que o Rio era uma cidade dividida entre a fome de progresso e o convívio com sua formação”, aponta Ana Lima Cecilio, curadora da 22ª da festa literária.
A homenagem na Flip não apenas rememora e destaca seu legado, mas também sua relevância contínua na compreensão da identidade cultural do Brasil.
Nos últimos anos, a Flip homenageou Ana Cristina Cesar (2016), Lima Barreto (2017), Hilda Hilst (2018), Euclides da Cunha (2019), Sem curador nem autor homenageado (2020), Homenagem coletiva – indígenas que morreram na pandemia (2021), Maria Firmina dos Reis (2022) e Pagu (2023).