Nova edição do romance que ganhou o Prêmio Ficção de Brasília de 1981
PublishNews, Redação, 27/03/2024
Nascido na Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Ricardo Guilherme Dicke escreveu sobre um sertão que pouco se manifesta na literatura brasileira

A obra de Ricardo Guilherme Dicke, em sua época injustamente pouco reconhecida pelo público, embora muito prestigiada pela crítica, retorna com a nova edição de seu mais poderoso romance, Madona dos Páramos (Record, 518 pp, R$ 59,90), quarenta anos depois de seu primeiro lançamento e dezesseis anos depois da morte do autor. Madona dos páramos conta a história de doze foragidos que cavalgam pelo sertão do centro-oeste brasileiro em busca da terra da Figueira-Mãe, onde os aguardariam o bem-estar e a justiça. Entre eles, uma mulher, a moça sem nome, arrebatada do lar e de sua família à força, alvo do desejo geral. Todos eles em uma batalha contra o clima e a geografia inóspitos, reflexo também de suas personalidades. A riqueza do trabalho de linguagem executado por Dicke é absolutamente inconfundível, tornando-o um dos grandes estilistas da língua portuguesa na segunda metade do século XX. Nascido na Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Dicke escreve sobre um sertão que pouco se manifesta na literatura brasileira que conhecemos; não é o do Nordeste ou o de Minas Gerais, sobre o qual estamos mais acostumados a ler. Também não é sobre um lugar que reduz a condição humana, como bem disse Rodrigo Simon de Moraes – estudioso das obras do autor e quem assina o prefácio desta edição –, mas sim sobre um espaço que a amplia e que retrata a natureza como um “veículo privilegiado para um reencatamento do mundo, um sagrado que irá permitir estar aquém e além do tempo e, assim, superar a dicotomia entre a vida e a morte”.

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[27/03/2024 07:00:00]