A diversidade cultural do Rio de Janeiro que não aparece nos cartões-postais da cidade e se descola de estereótipos é o tema da antologia Encruzilhadas suburbanas (Oficina Raquel, 170 pp, R$ 55). O livro reúne produção inédita de 23 autores que participam do mutirão Rolé Literário, coletivo criado no subúrbio do Rio em 2019. A organização do volume é Pedro Machado, mestre em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa e professor na Maré.

O movimento cultural intensificou as atividades em encontros frequentes no Bar do Papa (Rua Cândida Bastos, 164 – Rio de Janeiro / RJ), espaço que se tornou conhecido como o QG dos escritores. O lançamento do livro, com todos os autores reunidos, será no domingo (1º de outubro), a partir das 13h, com cerveja gelada e feijoada no Bar, em Cascadura, Zona Norte do Rio. Na ocasião, será divulgado também o manifesto do Rolé Literário, que defende:

“A ideia do Rolé é possibilitar uma morada para a nossa subjetividade. Valorizar nossa capacidade de criar. Para ficar bonito: a nossa poiesis. Libertar nossa escrita. Valorizar nossas memórias, lugares, pessoas, modos de vida e de dizer as coisas. A literatura sacralizada não nos interessa. Nossa literatura bebe cerveja, sai no bloco das piranhas, pede licença aos orixás”.

Criado em 2019 no subúrbio do Rio de Janeiro, o mutirão Rolé Literário, como se autoidentifica o coletivo, reflete a diversidade da produção literária contemporânea da cidade com ênfase na pluralidade do imaginário suburbano carioca. O grupo ganhou visibilidade a partir da publicação de um texto coletivo em uma rede social em setembro do mesmo ano com o tema “Dia de São Cosme & São Damião”.

Mestre em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa e autor de diversos livros, Pedro Machado assumiu o desafio de organizar a antologia Encruzilhadas suburbanas (Oficina Raquel), reunindo em um livro pela primeira vez a produção inédita de 23 autores do subúrbio, transitando entre o conto e a crônica literária.

O samba, o Carnaval e o terreiro estão presentes em diversas narrativas, assim como a negritude e as manifestações das religiões afro-brasileiras, além de referências a Lima Barreto, Carolina Maria de Jesus e Solano Trindade. Pedro Machado destaca, ainda, a recorrência de narrativas que retratam a diversidade religiosa. “Quando surgiu a ideia de publicar a antologia pela Oficina Raquel, o único pré-requisito apresentado aos autores foi a ambientação das histórias no subúrbio carioca. Surpreendeu-me a variedade dos estilos literários reunidos, que traçam um mapa bem atual do subúrbio nos dias de hoje e como a religiosidade em suas múltiplas manifestações são retratadas”, avalia.