Bienal do Livro Rio 2023 vira Patrimônio Cultural e começa com a intenção de ser cada vez mais democrática
PublishNews, Guilherme Sobota, 1º/09/2023
Um dos maiores eventos do mercado literário brasileiro vai reunir 380 autores e personalidades em mais de 200 horas de programação, e espera receber 600 mil pessoas

Bienal do Livro Rio; a espera acabou! | © Bienal do Livro Rio
Bienal do Livro Rio; a espera acabou! | © Bienal do Livro Rio
A Bienal do Livro Rio 2023 começa nesta sexta-feira (1º) cercada de expectativas: as duas últimas edições tiveram contingências e incidentes agitados (tentativa de censura em 2019, pandemia em 2021) e o mercado editorial não passa exatamente pela sua melhor fase em questão de números. Este ano, porém, o subsetor de Obras Gerais viu pela primeira vez o canal de vendas “Feiras do Livro/Bienal” aparecer entre os principais fatores de composição do faturamento das editoras. A expectativa é repetir o feito e receber pelo menos 600 mil pessoas nos dez dias do evento, que termina no domingo (10). De quebra, na cerimônia de abertura desta sexta-feira, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, assinou um decreto que promove a Bienal como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial pela Prefeitura. A realização é da GL events Exhibitions e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).

A Bienal vai reunir 380 autores e personalidades em mais de 200 horas de programação para um público de todas as idades. Entre os nomes confirmados no evento, estão Carla Madeira, Valter Hugo Mãe, Vera Holtz, Julia Quinn, Conceição Evaristo, Holly Black, Lázaro Ramos, Mauricio de Souza, Aílton Krenak, Ana Maria Machado, Eliane Brum, Itamar Vieira, Klara Castanho, Joice Berth e muitos outros. Os ingressos estão à venda na Eventim e custam a partir de R$19,50. A programação completa está no link.

Para o presidente do SNEL, Dante Cid, a Bienal pode ser um termômetro para as editoras perceberem melhor o seu relacionamento com os leitores. “Inserimos este ano também trilhas para profissionais do mercado, em busca de orientação e auxílio para os nossos associados e demais participantes fazerem melhor uso de tecnologias e práticas de ESG, por exemplo”, afirma – referindo-se ao Rio International Publishers Summit, espaço voltado para os profissionais do livro dentro da Bienal, de 4 a 6 de setembro.

Sobre a Bienal em si, Cid comenta que o SNEL fez uma pesquisa ampla para entender pontos a serem melhorados nesta edição. “Temos espaços para descanso mais adequados; transporte dedicado, uma oferta de ônibus para alguns bairros (elaboramos em parceria com a GL Events), trabalhamos com intensidade na busca da visitação escolar mais ampla, alunos podendo adquirir livros, houve troca com as secretarias de educação do Estado e dos municípios. As editoras vão sair extremamente satisfeitas”, comenta. “Viemos da Bienal de São Paulo empolgados, as editoras estão se preparando para recordes de vendas e público. A venda dos espaços rapidamente se esgotou, tivemos que negociar compartilhamentos, foi um problema bom de resolver”.

Para ele, os problemas do passado ficam como ensinamentos. “Ficou uma cicatriz sobre a censura, não vamos nos esquecer disso”, comenta. “Na Feira de Londres, se discutiu a organização das Feiras do Livro, a Feira enquanto espaço em que está condensada uma interação com o público muito direta, e citei esse caso para defender a participação da IPA nesses eventos. Hoje vemos outros casos internacionais, como o Book Ban nos EUA, etc. São questões relacionadas. Independente da Feira do Livro ser organizada por entidades comerciais, a IPA precisa dar um apoio. Aprendemos como lidar com essa situação e temos a intenção de dar ainda maior valor à Bienal como espaço democrático”, afirma.

O presidente do SNEL também afirmou que a relação com o poder público tem sido positiva. “A administração municipal atual entende a importância da Feira, a esfera federal também está valorizando muito o livro. Na estadual também houve adesão total. Nós como Sindicato de Editoras não temos partido, trabalhamos com qualquer administração, porque educação e cultura é apartidário. Mas nas três esferas há uma demonstração de apreciação do valor do livro”, garante.

Os grandes estandes

As maiores editoras do país preparam para quebrar seus próprios recordes de tamanho na Bienal do Livro deste ano. O Grupo Companhia das Letras, por exemplo, chega com o maior estande do evento, em 600 metros quadrados – quase que o dobro dos estandes das concorrentes. Max Santos, coordenador de eventos da Companhia das Letras, explica que o tamanho serve para atender de maneira adequada os variados selos do Grupo, com destaque para o selo Seguinte (jovem adulto) e a JBC (mangás).

Estande da Companhia das Letras na Bienal do Livro Rio | © Companhia das Letras
Estande da Companhia das Letras na Bienal do Livro Rio | © Companhia das Letras
“A gente já tem um processo de acomodar novos selos, e alguns tinham a necessidade de ter mais protagonismo na Bienal. Aqui no Rio, por regra, a gente tem que ficar junto, então o tamanho é um número recorde, são dois estandes. Um mais pop e jovem (Seguinte e JBC), e o outro bloco com os selos adultos e infantis”, explica.

Para ele, porém, a novidade maior do Grupo para este ano é a busca por maior sustentabilidade. “Para se ter uma ideia, nossa estrutura é toda feita de tecido voil”, explica. “Todos ficamos pensando se daria certo, mas agora montou e está lindo. Com isso, gente reduz aproximadamente 50% de madeira na estrutura total, porque não tem parede de madeira. Isso diminui quantidade de viagens de caminhão (rastro de carbono), gera muito menos lixo, há uma diferença na praticidade de movimentação dentro do estande… E claro, não deixamos de ter atrações que a Bienal pede”, comenta. Muitos livros, espaços para fotos e 60 autores do Grupo estão na programação da Compahia para a Bienal.

O Grupo Editorial Record fez seu estande crescer em 70% desde a última edição. “Com um estande maior, conseguimos levar mais livros, mas não é só isso. Esperamos mais público”, afirma a vice-presidente do Grupo, Roberta Machado. “Também para não ficar confusão, com filas muito grandes”, explica.

O grupo também vai celebrar os 15 anos da Galera Record, selo responsável por muitos dos livros mais vendidos da editora nos últimos anos. “A gente vem investindo muito nos últimos três anos na comunicação com o leitor final. Trabalho intenso de redes sociais, conversando mais com os nossos leitores. A Bienal será o momento desse encontro, a expectativa de público e vendas é boa também por causa disso”, comenta Roberta.

Mauro Palermo, diretor da Globo Livros, conta que o estande da casa também praticamente dobrou de tamanho em relação à última edição. A expectativa corresponde ao investimento.

“Quando uma editora vai para a Bienal e se transforma numa livraria, a gente tem duas expectativas: primeira é vender, evidentemente; mas é uma oportunidade absolutamente maravilhosa de ter contato real com os nossos leitores”, explica. “É exatamente por isso que eu e minha equipe estaremos fisicamente dentro do estande, junto com os promotores, para ouvir, conversar, entender as pessoas, o que elas querem, o que elas não gostam”, comenta.

Os maiores da Bienal do Livro Rio 2023:

  • Companhia das Letras 600m²
  • Record 350m²
  • Globo Livros 350m²
  • Sextante 300m²
  • Intrínseca 300m²
  • Panini 300m²

Como chegar

Para chegar ao evento, além de ônibus privado oferecido pela empresa GO2 Eventos, a Prefeitura do Rio criou uma linha especial de BRT para os fins de semana e o feriado (SE010), das 9h às 21h, partindo do Terminal Paulo da Portela, em Madureira, até o Terminal Recreio, com parada na estação Olof Palme – mais próxima à entrada da Bienal. Nos dias de semana, haverá reforço de ônibus para a região do Riocentro. Ainda é possível seguir pelo Metrô até a estação Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, e fazer a integração com o BRT.

Bienal do Livro Rio 2023

Data: 01 a 10/09/2023
Local: Riocentro – Pavilhões 2, 3 e 4
Endereço: Avenida Salvador Allende, 6555 - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro / RJ
Horário: Segunda a sexta-feira das 09h às 21h | Sábado e domingo das 10h às 22h | Feriado das 09h às 22h
Abertura dos portões: 1 hora antes do início do evento
Classificação etária: 14 anos, menores de 14 anos podem entrar apenas acompanhados dos pais ou responsável legal. Gratuidade: Crianças que possuem até 1 (um) metro não pagam ingresso.

[01/09/2023 10:10:00]