Para obter dinheiro a fim de pagar uma dívida ou comprar algo necessário à sua vida, há quem penhore uma joia, avaliada sempre pelo seu peso, sem um grama sequer de sua história. Em Casa de penhor (Melhoramentos, 80 pp, R$ 52,90), João Anzanello Carrascoza comove ao adicionar a brincos, anéis, castiçais e outros bens a história de seus donos, os dolorosos motivos porque foram empenhados num ato de esperança ou desespero. O escritor retrata a difícil realidade de muitas pessoas com uma delicadeza diferenciada, apresentando um conjunto de narrativas de alta sensibilidade e realização literária, que devolve aos objetos o seu atributo mais precioso: o valor humano. Cada bem material precioso sinaliza algum problema social (fome, corrupção, endividamento, etc.). A obra conversa ainda com o momento social que vive a população brasileira, promovendo reflexões profundas sobre perder e ganhar, e o que realmente importa na vida.