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Editoras e artistas reforçam potencial da CCXP para conquistar novos leitores
PublishNews, Guilherme Sobota, 1º/12/2022
Edição 2022 do maior evento de cultura pop do país começa nesta quinta-feira (1) com espaço para quadrinhos, mangás e outras áreas do mercado

Maior evento de cultura pop do Brasil também tem espaço para o mercado editorial | © Diego Padilha
Maior evento de cultura pop do Brasil também tem espaço para o mercado editorial | © Diego Padilha

Editores e artistas consultados pelo PublishNews acreditam no potencial da CCXP – cuja edição 2022 começa nesta quinta-feira (1º) e vai até o domingo (4) na São Paulo Expo (Rodovia dos Imigrantes, 1,5 km, São Paulo / SP) – para conquistar novos leitores, especialmente para os quadrinhos e para os mangás. O imenso alcance de público da feira, considerada a maior do mundo no segmento de cultura pop e que em 2019 reuniu 280 mil pessoas, pode ser bem aproveitado pelo mercado editorial.

Este ano, a Pesquisa Geek Power, feita pelo Omelete (empresa por trás da CCXP) e que propõe um estudo sobre o perfil e comportamento dos consumidores no mercado de cultura pop, revelou que quando se trata de quadrinhos, 60% das pessoas disseram que gostam deste tipo de leitura e 33% afirmam que se consideram muito ou extremamente fãs de quadrinhos. Entre as editoras, a Marvel é a preferida para 51% do público e a DC para 45%. Entre os Otakus, os mangás e animes favoritos são One piece, Naruto e Dragon Ball (os três publicados no Brasil atualmente pela Panini).

Depois do enorme crescimento da CCXP nos últimos anos – com destaque para atrações internacionais das áreas de TV e cinema – é de se questionar se os quadrinhos ficaram em segundo plano. “Os quadrinhos estão no coração da CCXP, a gente leva isso muito a sério”, contesta o sócio-fundador da CCXP e CEO da Chiaroscuro Studios, Ivan Costa. “Sou um dos sócios e estou dedicado à programação de quadrinhos e garanto que é bastante grande, maior do que muitos eventos mundo afora”, diz. “Temos um grupo de artistas muito diverso nos Artists’ Valley, cerca de 40% LGBTQIAP+. A CCXP se tornou uma plataforma de divulgação muito importante, o que acaba fomentando a própria produção”.

O Artists’ Valley, espaço de divulgação de cerca de 500 artistas brasileiros e estrangeiros em mais de 350 mesas, este ano também terá o Palco Bentô, com programação sobre o universo otaku. Ivan Costa é também o curador do espaço. “A curadoria é um processo coletivo, de contato com criadores, acompanhando premiações, lançamentos, o trabalho das editoras, quem está surgindo, quem está sendo comentado e lido. É importante que a CCXP represente essa produção toda. É um trabalho contínuo para que o ‘AV’ seja muito diverso e muito atual”.

Uma das artistas presentes no Artists’ Valley deste ano é Amanda Miranda, que lança na CCXP a versão impressa do quadrinho A urna (Editora Monstra), finalista em algumas categorias do CCXP Awards 2022. “Acredito que a CCXP é hoje o maior evento de quadrinhos do Brasil, com um público misto que vai desde o fanático de quadrinhos, passando por colecionistas obcecados, até chegar no fã de cultura pop comum que vai ao evento pelas atrações envolvendo atores etc”, diz Amanda ao PN. “Essa variedade dentro dos perfis de consumidores nerd é uma oportunidade de fazer seu trabalho chegar em pessoas que não estão na sua bolha, apresentar seu trabalho para novos leitores, influencers, trocar figurinhas com outros trabalhadores da indústria, fazer networking”.

Amanda estará na mesa B36, vendendo, além dos seus livros, outros itens como cartelas de adesivos, ecobags, camisetas e um material gráfico sobre direitos reprodutivos, tema com que também trabalha.

Editoras na CCXP 2022

Editor experiente na área e atualmente publisher da Conrad, Cassius Medauar avalia que os independentes têm destaque na CCXP. “O evento é grandioso demais, acho que os quadrinhos têm um papel ainda fundamental, mas especialmente para os independentes. Isso sempre foi o foco da CCXP, é o coração. O Artists’ Valley sempre está no centro do mapa do espaço. A feira foi crescendo a cada ano, e para os independentes é o grande evento do ano. Tem vários outros, o FIQ-BH é muito legal, mas nada se compara. Porque o evento é muito grande e atrai um público de fora dos quadrinhos, um público de cultura pop. Talvez seja o único evento que consegue apresentar os livros para um público diferente”, avalia.

Ele faz uma ressalva de que para as editoras pequenas, médias e até grandes, é complicado balancear a equação financeira para participar da feira com um espaço próprio, por exemplo. “É interessante para a marca, tem um retorno indiscutível para a exposição da marca, mas é preciso equilibrar com o financeiro. Tudo depende muito de onde você consegue ficar, como monta o estande, seu tipo de catálogo… editoras precisam fazer malabarismo para pensar se vai valer a pena”, afirma.

A Conrad estará com uma loja em novo um espaço da CCXP chamado de Magic Market By Mercado Livre, que terá uma variedade de produtos voltados ao universo geek, incluindo quadrinhos e livros.

Uma editora que vai montar um estande próprio na CCXP2022 é a JBC, pela primeira vez em um evento desse porte depois da aquisição de parte da editora pelo Grupo Companhia das Letras. O espaço terá loja com livros e produtos, experiências para os fãs e lançamentos de livros com autores.

A diretora da JBC, Marina Shoji, comenta que o evento é importante inclusive para a performance de vendas da casa no fim do ano. “O caso do mangá é um caso específico, não sei se pode ter estendido para outros livros. O mangá tem performance muito positiva porque grande parte dos serviços de streamings presentes na feira têm animes, então existe um cross media de propriedades intelectuais, existe uma conversa”, explica. Para ela, essa é também uma oportunidade de atrair novos leitores.

Estande da Marvel no Spoiler Night, noite de pré-abertura da CCXP2022 | © Diego Padilha
Estande da Marvel no Spoiler Night, noite de pré-abertura da CCXP2022 | © Diego Padilha

Segundo apuração do PublishNews, o preço do aluguel de um espaço para um estande na CCXP começa em R$ 95 mil, e os custos para levantar um estande básico seriam de aproximadamente mais R$ 100 mil.

Tanto a Conrad quanto a JBC terão também painéis no Palco Ultra, compartilhando lançamentos e novidades com os fãs e leitores. A programação da CCXP2022 – com painéis relacionados ao universo do cinema, da TV, dos quadrinhos e outros temas da cultura pop – pode ser conferida no site do evento. Ainda há ingressos à venda a partir de R$ 140.

[01/12/2022 11:30:00]
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