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Um grito contra a guerra
PublishNews, Redação, 06/10/2022
Ariano Suassuna, autor de ‘O desertor de Princesa’, escreve estrofes de encenação contra batalhas que derrubam sangue e matam inocentes

O livro O desertor de Princesa (Nova Fronteira, 112 pp, R$ 40,90), de 1948 ocupa um lugar de especial relevância na dramaturgia de Ariano Suassuna (1927-2014). A peça é ambientada durante a guerra de Princesa, ocorrida no Sertão da Paraíba, movimento separatista já totalmente inserido no contexto das lutas políticas que antecedem a Revolução de 1930. Do ponto de vista formal, trata-se de uma tragédia construída a partir das clássicas unidades de lugar, tempo e ação, e com uma ambiência trágica que paira rigorosamente sobre todo o desenrolar da trama. Suscitada já nas estrofes que abrem a encenação, cantadas à luz de uma vela, essa ambiência trágica intensifica-se a cada diálogo. Partindo de uma guerra de proporções locais e consequências relativamente modestas, o autor consegue fazer de sua peça um contundente libelo contra todas as guerras, um grito, em suas próprias palavras, contra a guerra em si mesma, num tempo em que o mundo inteiro ainda procurava se recuperar do trauma sofrido com a Segunda Guerra Mundial, terminada havia apenas três anos. O desertor de Princesa é uma peça atual e necessária. Qualquer que seja a guerra, de um modo geral, os líderes políticos e os oficiais de alta patente, abrigados em seus palácios, quartéis e postos de comando, limitam-se a dar ordens, e muito provavelmente morrerão com a idade avançada e o peito cheio de medalhas; os jovens soldados, nas frentes de batalha, matam e morrem.

[06/10/2022 07:00:00]
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