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O conector de pessoas
PublishNews, Talita Facchini, 15/10/2020
Kim Doria é o segundo Jovem Talento a participar do PublishNews Entrevista, programa que quer formar um arquivo da memória editorial brasileira

Dando continuação a série de conversas com os cinco Jovens Talentos 2020/2021, André Argolo recebeu esta semana no PublishNews Entrevista, Kim Doria, responsável pela comunicação da editora Boitempo.

Formado Comunicação Social com habilitação em Cinema, Kim está há quase 10 anos na Boitempo. Ele entrou como assistente de comunicação e desenvolveu vários projetos desde então, com destaque para os grandes eventos que já conseguiram reunir milhares de pessoas. Um desses casos de sucesso foi com a escritora e ativista Angela Davis, que em agosto do ano passado veio ao Brasil participar do Seminário Internacional Democracia em Colapso e movimentou inúmeros leitores em todos os dias que esteve presente no país.

Ainda sobre as mudanças na casa editorial nos últimos anos, o Jovem Talento elencou fatores que fizeram a diferença na relação da Boitempo com os leitores como a criação de demanda, pensando em conteúdos complementares aos livros, a comunicação nas redes sociais e a criação do blog da Boitempo, "uma porta de entrada para drogas mais pesadas, uma porta de entrada para o nosso catálogo", definiu.

Sobre o trabalho dentro de uma editora e no mercado editorial em geral, Kim compartilhou suas crenças e valores. “Percebo que existe essa tendência, que eu acho muito saudável, que é de uma comunicação muito intensa entre os departamentos”, disse, lembrando de um texto escrito por Daniel Lameira que falava exatamente da importância das editoras reconhecerem a necessidade de interligamentos entre seus departamentos. Da quase uma década de trabalho no mercado editorial, ele também tirou alguns ensinamentos. “Se tem valores que eu acredito muito é da cooperação e da percepção de que ninguém está isolado. Não tem nenhuma editora que está sozinha na crise que a gente tá passando, não tem nenhuma livraria sozinha, nem autores, profissionais do livro, tá todo mundo passando pela mesma coisa”, disse. “Acho importante a gente ter essa noção da cooperação e de como estamos todos enfrentando problemas semelhantes”.

Com ideias fortes e bem-definidas sobre o governo atual, Kim foi enfático. "É inescapável a gente falar que o livro está sob ataque no Brasil hoje, não tem como a gente ignorar", afirmou. "A gente tem no governo federal um projeto que é contra o livro, um projeto que é contra o direito à literatura, contra o acesso ao livro, não tem outra forma de colocar isso. Um projeto fascista, um projeto que está buscando tributar o livro de maneira a impossibilitar o acesso ao livro ainda mais, é um projeto de poder e a gente precisa ter uma nitidez muito grande de que isso tá acontecendo”, frisou, lembrando que é um dever de todos defender o acesso aos livros. “Tem a ver com todos nós”.

Na conversa com André Argolo, Kim Doria falou ainda sobre sua inscrição para o prêmio Jovens Talentos, sobre sua infância rodeada por livros - "cresci num universo em que o hábito da leitura sempre foi muito comum", lembrou - da importância de se falar sobre o trabalho das editoras e das pessoas envolvidas com o livro, da ligação entre o livro e a política, sobre a importância de um pensamento descolonizado e do que pensa para o futuro.

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[15/10/2020 10:00:00]
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