Publicidade
Dialogando com a realidade
PublishNews, Redação, 03/06/2020
Primeira obra do autor angolano António Quino, 'República do vírus' narra as estratégias que líderes autoritários estabelecem para se manter no poder

República do vírus (Malê, 94 pp, R$ 36) traz como ponto central a sátira como embasamento do seu tecido ficcional, ao contar a história de Zuão Xipululu, conhecido como “Introcável”, alto dirigente político, membro do partido governista PIM-PAM-PUM, homem seduzido pelo poder e pela lógica da corrupção, algo que dialoga frontalmente com os tempos atuais, seja em referência ao Brasil, seja no resto do mundo. Ao ambientar o personagem na fictícia Mulumba, o escritor angolano António Quino desenvolve uma trama que percorre os meandros da política de um estado autoritário e repressor, corrupto e sequioso por manter-se no poder a qualquer preço. Em uma sociedade altamente oprimida e subserviente aos desmandos das autoridades, eis que surge uma peste que apavora e passa a adoecer e dizimar a população. Para combater a queda crescente de popularidade, os dirigentes políticos usam o letal vírus como arma de defesa nacional, sob o argumento de que nações poderosas querem se apoderar de uma propriedade do povo mulumbeiro, afinal o vírus foi criado lá.

Tags: ficção, Malê
[03/06/2020 07:00:00]
Matérias relacionadas
Livro publicado pela Malê é mais do que uma biografia, é uma homenagem ao samba, à cultura brasileira e ao espírito resiliente de Arlindo Cruz
Romance de estreia de Flávio da Conceição ergue um retrato cru da periferia de Fortaleza, onde o cimento das obras é uma metáfora com a violência cotidiana
Também participam da agenda Milton Cunha, Geni Nuñez, Afonso Cruz, Marcelino Freire e Jessé Andarilho; este será o quarto ano da Casa em Paraty
Leia também
Os contos aqui presentes revelam uma postura da autora Marguerite Yourcenar de ​experimentar com a linguagem, os símbolos e as fronteiras entre o real e o fabuloso
Em edição amplamente anotada e comentada, 'Recordações de infância' é a enxuta reunião de contos de Giuseppe Tomasi di Lampedusa
Escritora Lara Haje toma as situações desse cotidiano e as revira como fruta aberta ao meio, revirada ao contrário, entranhas expostas