Publicados entre as décadas de 1970 e 1990, os contos de Caio Fernando Abreu são o retrato de uma geração. Os tempos autoritários e sombrios dos anos de chumbo aparecem nesta reunião não apenas como pano de fundo, mas como parte constituinte de uma prosa que se consagrou pelo estilo combativo e radical. Vida e obra, aqui, se misturam a ponto de biografia se transformar em literatura e vice-versa. Em
Contos completos (Companhia das Letras, 760 pp, R$ 79,90), o leitor tem a chance de percorrer toda a produção do autor no gênero da prosa breve. O volume abarca seis títulos —
Inventário do ir-remediável (1970),
O ovo apunhalado (1975),
Pedras de Calcutá (1977),
Morangos mofados (1982),
Os dragões não conhecem o paraíso (1988) e
Ovelhas negras (1995) —, além de dez contos avulsos, sendo três deles inéditos em livro. O livro inclui, por fim, textos de Italo Moriconi, Alexandre Vidal Porto e Heloisa Buarque de Hollanda, que jogam luz sobre a atualidade de Caio Fernando Abreu.