Em
2038 (Chiado,
272 pp, R$ 35), livro do autor Max Telesca, “tudo é normal, pois todo mundo
faz”. Este é o princípio fundamental de um país que resolveu de maneira
bastante original o problema da corrupção: legalizando-a. Este mesmo país,
também de maneira inusitada, solucionou o problema da violência urbana
regularizando os esquadrões da morte ao considerar “não-pessoas” os latrocinas,
homicidas e os traficantes irregulares de drogas, aqueles que não distribuem de
forma regular o “arrego”, propina policial também liberada em Lisarb.
Verificando a impossibilidade de vencer o problema dos grandes desvios éticos,
os líderes de Lisarb decidiram que o tema da corrupção deveria ser superado de
vez e incorporado aos costumes a partir da Doutrina da Aceitação. “No mundo
bizarro pós-redemocratização de Lisarb – Brasil ao avesso, não ao contrário -,
esquerda e direita se amalgamam em torno dos mesmos símbolos. E assim, Telesca
estabelece, em meio à solidão e à indiferença de suas personagens, um
determinismo histórico muito próximo da desilusão”, Leandro Fortes, jornalista.