Caravaggio e Quevedo se enfrentando numa partida de
pallacorda é mesmo uma fantasia. Se a Europa seiscentista é como uma grande quadra onde se confrontam a Reforma Protestante e a Contrarreforma Católica, o pintor italiano e o poeta espanhol também encarnam o embate entre duas maneiras de viver e de fazer arte: Caravaggio, o artista apesar das circunstâncias, com sua sexualidade fluida, flertando com a marginália e o crime, reinventor da pintura para além de seus limites; Quevedo, o nobre cioso de sua honra, abraçado à mais reacionária e hipócrita moral católica que logo envolverá o mundo em censura e fogueiras, homofobia e antissemitismo. Tendo como eixo esse conflito, Álvaro Enrigue escreveu
Morte súbita (Companhia das Letras; 256 pp.; R$ 44,90 – Trad.: Sérgio Molina), livro que ultrapassa o título de romance histórico. Ao lado de Marcílio França Castro, no dia 30 de junho, o autor participa da mesa
Histórias naturais na Flip 2016, com início às 17h15.