Vikings do Brasil
PublishNews, Roberta Campassi, 08/05/2012
Agência recém-criada tem sucesso vendendo literatura nórdica

Foi há dois anos, durante a tradução do finlandês para o português do romance Expurgo, de Sofi Oksanen, uma encomenda da editora Record, que Pasi Loman teve a ideia de montar uma agência literária especializada em literatura nórdica. Desde 2007 vivendo no Brasil com sua esposa, a paulistana Lilia Loman, o finlandês de 35 anos pensou que o negócio seria uma forma de desbravar um novo mercado e, de quebra, abrir caminho para mais trabalhos de tradução.

E ele estava mais certo do que podia imaginar. Desde o começo do ano, quando a Vikings of Brazil entrou de fato em operação, a agência já intermediou a venda de direitos de 22 livros para editoras brasileiras. “É bem mais do que eu esperava”, diz Pasi. “Eu tinha planejado vender só cinco livros em um ano inteiro!”

A empresa rapidamente conquistou território. Algumas das maiores editoras e agências literárias nórdicas já são representadas por ela: Otava, da Finlândia; Bonnier e Grand Agency, da Suécia; Gyldendal e Aschehoug, da Noruega; Lindhardt e Righof, da Dinamarca, e Forlagid, da Islândia. Romances policiais, obras infantojuvenis e livros de ficção histórica e de alta literatura são o que de mais forte os nórdicos oferecem.

Rocco, Companhia das Letras, Brinque-Book e Autêntica são algumas das editoras nacionais que já compraram títulos da Vikings of Brazil. Neste momento, os Loman concentram esforços nos leilões de duas obras e também na venda de And in Wienerwald the trees remain, livro da jornalista Elisabeth Asbrink que causou polêmica ao ser publicado na Suécia com revelações de que um dos empresários mais importantes do país, Ingvar Kamprad, o dono da Ikea, teve forte ligação com grupos nazistas na juventude. Oito editoras brasileiras analisam o título, segundo Pasi.

O agente e tradutor lembra que o mundo despertou para a literatura nórdica após o sucesso estrondoso da trilogia Millennium, de Stieg Larsson. Mas ressalta que 2011 foi especialmente bom para fomentar o interesse pelos livros desses países. No ano passado, a Islândia foi o país homenageado pela Feira de Frankfurt, a literatura nórdica foi tema do Salão do Livro de Paris e o Nobel de Literatura foi concedido ao sueco Tomas Tranströmer, entre outros fatos.

Para quem pensa que a tradução dessas obras pode ser um problema, Pasi tem a resposta na ponta da língua. Além de ele e Lilia fazerem agora mais traduções, também reuniram uma lista de outros 60 profissionais habilitados para traduzir norueguês, islandês, finlandês e dinamarquês. “As editoras brasileiras agora sabem que nós podemos ajudá-las a achar tradutores de qualidade, então não é mais necessário realizar traduções a partir de idiomas intermediários”, diz.

Agora, como bons “vikings do Brasil”, Pasi e Lilia também começaram a representar obras brasileiras, sempre para os países nórdicos. Eles já negociam direitos de autores como Thalita Rebouças e Ilan Brenman, na área infantojuvenil, e acabam de fechar contrato com a agência alemã Anja Saile para negociar representar os direitos de autores de ficção consagrados como Cristovão Tezza, Dulce Maria Cardoso e Ronaldo Correia de Brito. Os Loman também são agentes da Brinque-Book e da Melhoramentos.

Aliás, um dos desafios mais interessantes de Pasi é emplacar nos países lá de cima justamente um clássico da literatura infantil publicado pela Melhoramentos: Ziraldo. “Nos países nórdicos, os livros para crianças têm ilustrações muito tradicionais, um estilo bem específico, então eles estranham um pouco os desenhos do Ziraldo. Mas eu estou bem otimista que a gente vai conseguir.”

Confira o site da agência: http://www.vikingsbr.com.br

[08/05/2012 00:00:00]