“Só quis escrever um livro grosso para esfregar na cara do meu editor”
PublishNews, Maria Fernanda Rodrigues, 11/07/2011
Foi assim que nasceu “Viva o povo brasileiro”

Devoto de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro desde que ganhou uma medalha de um amigo de boteco, João Ubaldo Ribeiro, traduzido em 16 línguas, tem um anjo da guarda chamado Pepe e é acompanhado por dois Ubaldos: o Grande Ubaldo, dono de suas melhores características, e o Pequeno Ubaldo, “preguiçoso e vagabundo”. Ele não tem poder sobre seus personagens. “Quero que ele morra e ele não morre. Quero que ele case e ele não casa. Em O sorriso do lagarto eu achava que um personagem era homossexual, mas o outro é que era”, brincou. O escritor participou da Flip no sábado à noite, em mesa bem mediada por Rodrigo Lacerda, e proporcionou um dos momentos de maior descontração desta edição da festa, ou um “momento fofo”, como algumas pessoas saíram falando. Espontâneo, contou que sabe da importância de Guimarães Rosa mas que seu santo não bate com o dele. “Guimarães Rosa não está entre os autores de meu afeto. Não me fala. Sempre tive horror à palavra ‘estória’”. E disse que um dia pegou o livro da ex-mulher que estava na estante e abriu em uma página qualquer. “Estava escrito ‘A viagem fora planejado no feliz’. Fechei o livro e nunca mais li”, contou. Se Viva povo brasileiro é uma tentativa de reescrever a história do Brasil sob o ponto de vista do oprimido? “Eu nunca quis fazer isso. Eu quis escrever um livro grosso para esfregar na cara do meu editor Pedro Paulo Sena Madureira”, de quem tinha ouvido que autor brasileiro só sabia escrever pouco. O original pesava 6,7 quilos.

[11/07/2011 00:00:00]