Feiras de livro devem se espalhar pelo Brasil
PublishNews, Maria Fernanda Rodrigues, 16/06/2011
Projeto da CBL, FBN e PNLL deve ajudar na melhoria das feiras já existentes e na criação de novos eventos literários

Quantas feiras de livro são realizadas no Brasil? Só Ignácio de Loyola Brandão participou de 150 no ano passado pelo que contou à ministra da Cultura Ana de Hollanda ontem à tarde, em São Paulo, no lançamento do Circuito Nacional de Feiras de Livro. A ideia do projeto da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Fundação Biblioteca Nacional (FBN) e Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL) é, em primeiro lugar, montar um calendário único dos eventos organizados país afora para depois ajudar no planejamento e na execução de cada um deles. Para as cidades que ainda não contam com feiras e eventos do gênero, e que querem fazer isso, será dada uma força especial (embora o MinC saiba que se todas as quase seis mil cidades brasileiras aderirem à ideia o projeto fica impraticável). A favor do projeto está a possibilidade de as empresas utilizarem 100% do imposto de renda para apoiar essas feiras através da Lei Rouanet. Hoje, existem 75 feiras no Circuito e os organizadores esperam mais do que dobrar esse número até 2014.

Galeno Amorim, presidente da Fundação Biblioteca Nacional, contou que as feiras atuais atingem cerca de 10 milhões de crianças e adultos e devem movimentar R$ 100 millhões ao ano. Disse ainda que elas são muito mais do que espaço de vendas de livros. “As feiras são a oportunidade de chamar as pessoas para a leitura. Mais ou menos cinco meses antes de sua realização as escolas começam a se preparar, e quando a feira termina fica um efeito residual muito forte”, comentou lembrando também que escritores que participam de eventos literários continuam, de uma certa forma, acompanhando os leitores que estavam ali na plateia e se tocaram com a história contada.

A ministra Ana de Hollanda contou que o projeto do Circuito das Feiras está sendo gestado há muito tempo e que é apresentado agora já amadurecido. Ela ressaltou o objetivo comum das entidades envolvidas: “o encontro com o livro e com o leitor e a necessidade de estimular a leitura no Brasil”. Para a ministra, a parceria com as prefeituras e outras secretarias vai ajudar no sucesso do projeto. “Em Brasília a gente não tem como saber como pensa cada canto do Brasil. Cada prefeitura vai dizer como é a feira, do que ela precisa, quais são os autores que gostaria de levar. Depois vamos desenhando e costurando o projeto”.

“A criação de um calendário único era uma demanda antiga do setor”, disse a presidente da Câmara Brasileira do Livro Karine Pansa. Ela comentou que a CBL pode contribuir muito porque tem a experiência de quem organiza, há mais de quatro décadas, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Ter todas as informações organizadas facilitará, também, o planejamento e as atividades das editoras, livrarias e distribuidoras. “O mercado ganha e o público agradece”, disse.

O Circuito

A Fundação Biblioteca Nacional já participava das maiores feiras com estande para divulgar, especialmente, a Revista de História. Agora serão organizados eventos com a participação dos integrantes da Caravana dos Escritores, outro projeto que deve ser anunciado em breve.

Seminários para o desenvolvimento de políticas públicas de leitura também devem ser realizados durante as feiras ou em outros momentos, mas sempre nas cidades atendidas. Isso tudo para que a iniciativa se consolide e seja permanente – independente de bandeira política.

Os encontros do Proler – com os seminários para formação de mediadores de leitura - também devem acontecer dentro do Circuito de Feiras.

Outros ministérios e secretarias, como a Ancine e a Secretaria do Audiovisual, também serão envolvidos. Um exemplo é a idéia de levar filmes baseados em livros para praças, bibliotecas e centros comunitários das cidades integrantes do Circuito. Isso também deve acontecer com os projetos da Funarte.

O apoio à divulgação também está garantido, já que será criado um kit com dicas e peças publicitárias.

Além da CBL, PNLL e FBN, apóiam a iniciativa Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL), Liga Brasileira de Editores (LIBRE), Associação Nacional de Livrarias (ANL), Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL), Associação Brasileira de Editores Universitários (ABEU), Câmara Rio-Grandense do Livro, entre outras câmaras regionais.
[16/06/2011 00:00:00]