Babel chega com Fernando Pessoa, Castro Alves e Padre Antonio Vieira
PublishNews, Maria Fernanda Rodrigues, 01/03/2011
Autores brasileiros também serão editados sob a curadoria de Luiz Ruffato

Quando a Babel for apresentada oficialmente aos brasileiros no dia 14 de março, em festa no Museu da Língua Portuguesa, ela já terá três títulos prontos e pelo menos outros 20 no prelo. Os livros de estreia são edições “clonadas” (uma espécie de fac-símile mas não necessariamente da primeira edição, em alguns casos com reproduções de anotações feitas pelo próprio autor) dos seguintes títulos: Mensagem, que reproduz o original da Biblioteca Nacional de Portugal do único livro publicado em vida por Fernando Pessoa; Espumas flutuantes (1870), a primeira obra de Castro Alves; e uma edição luxuosa, também a partir do original, de Índice das coisas mais notáveis, do Padre Antonio Vieira.

A meta do grupo português, que se instalou no Brasil em outubro do ano passado (leia a matéria), é lançar pelo menos 100 títulos neste primeiro ano. Autores brasileiros terão seu espaço e quem cuidará desta área da editora será o escritor Luiz Ruffato.

Seu trabalho será de curadoria editorial – haverá um editor propriamente dito. “A vida inteira fiz isso informalmente. Sempre recebo originais e encaminho para editoras quando acho interessante”, disse. Agora a tarefa será mais sistemática, e paga. Ele vai tentar levar autores e livros interessantes para a Babel, mas desde que não haja nenhum atrito com o mercado. “A chegada da Babel vai ser tranquila e simpática. Ela não quer tirar autores de suas editoras”. E foi por isso que ele aceitou o trabalho.

A ele cabe ainda a direção da Biblioteca Babel de Clássicos Brasileiros. A ideia é lançar uma média de seis títulos ao ano, em edições bem cuidadas e assinadas por especialistas na obra dos autores escolhidos - os primeiros devem ser José de Alencar e Adolfo Caminha.

Além disso, ele terá como função dar uma boa olhada no catálogo da Babel portuguesa para sugerir o que pode ser editado no Brasil. “O grupo é uma referência em Portugal e reconhecido pela publicação de livros de qualidade gráfica e editorial. O catálogo é muito vasto e tem muitos autores portugueses importantes que não ainda conhecemos”, comentou.

Mas que os leitores de Ruffato não se enganem: ele não vai desacelerar o trabalho literário. “Como não vou bater o ponto, vou continuar escrevendo e indo para os festivais”. Em meio aos preparativos da apresentação da nova editora, Ruffato termina, até o Carnaval, o último volume de Inferno provisório.

Além dos brasileiros

A linha editorial da Babel será ampla, com livros que vão desde os clássicos da literatura portuguesa passando por livros de arte, culinária e obras infantis. Paulo Teixeira Pinto, dono do grupo, ressalta que a editora brasileira não será uma sucursal da Babel portuguesa e que terá identidade própria. Lá, o grupo tem nove editoras e quatro livrarias.

O escritório fica em São Paulo, mas em breve devem iniciar as operações no Rio de Janeiro também. A equipe ainda está sendo estruturada e os diretores Rui Gomes Araújo e Nuno Ramos estão à frente da empresa.
[01/03/2011 00:00:00]