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Arenque a Bizâncio, mosca a Santos Dumont
PublishNews, 24/09/2010
Na coluna desta semana, Roney Cytrynowicz fala de seu reencontro com as enciclopédias, que continuam a simbolizar a função das bibliotecas

Outro dia, trabalhando em uma biblioteca, sentei ao lado de uma estante com várias “velhas” enciclopédias, incluindo as portuguesas e as espanholas. É interessante que muitas bibliotecas as conservem em lugar de destaque, às vezes junto à entrada ou primeira fileira do acervo, provavelmente herança de quando eram o material primeiro de consulta e de interesse. Hoje as enciclopédias parecem pequenos monumentos a esta função que cumpriram gloriosamente antes da internet (se bem que a Barsa tem uma nova edição em papel belíssima). E, de certa forma, elas continuam a simbolizar a própria função das bibliotecas, de preservar, organizar e tornar acessível o conhecimento.

Comecei, então, a ler e a me divertir com os assuntos listados na lombada dos volumes das enciclopédias, em geral o primeiro e o último verbete de cada tomo. As combinações são curiosas, tais como: Arenque a Bizâncio, Neruda a Petain, Grupo a Inquisição, Materialismo a Muller, Mosca a Santos Dumont, Matrimônio a Nerópolis, Sfax a Travancoroso e assim por diante. Na Enciclopédia Delta Universal, o volume 7 percorre de França a Homem das Cavernas. Na The New Encyclopeadia Britannica, em 32 volumes, de 1994 (primeira edição em 1768), há combinações como: Ceará a Delux (na Micropedia), Chicago a Death e Islam a Life (na Macropedia).

Deixar que estas combinações inusitadas de verbetes – às vezes poéticas, outras dissonantes – apareçam na lombada, sem forçar a edição e a diagramação (para escolher combinações mais simples ou sonoras), provavelmente foi sempre uma opção dos editores com o objetivo de mostra o caráter efetivamente variado e amplo dos assuntos abordados pelos verbetes, de pequenos seres a grandes civilizações, de Arenque a Bizâncio... E este tem sido exatamente um dos atrativos das enciclopédias, o conhecimento literalmente enciclopédico que reúne em uma mesma obra as informações sobre mosca e Santos-Dumont.

Como registro da infinita amplitude e combinação de verbetes e como pequena homenagem ao caráter lúdico da pesquisa (no papel ou na internet), fiz quatro pequenas listas de assuntos de lombadas de enciclopédia, sem me preocupar em avaliar o conteúdo e tampouco em saber o que são muitos destes termos. Mas que anotei para futuras consultas e navegações...

Série da Enciclopédia do Estudante (Editora Abril, 1974, 6 vols.):


Abaco a Churchill

Chuva a Garcia Lorca

Garibaldi a Mosaico

Mosca a Santos Dumont

São Francisco a Zulus

Série da Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura (Lisboa, Verbo, 1963, 20 vols.):


A a Amor

Amora a Australopiteco

Áustria a Brasil

Brasília a Cerâmica

Ceratite a Córrego

Correa a Dumbi

Dume a Europa

Europio a Gabu

Gacon a Ermenegildo

Hermenêutica a Ironia

Iroqueses a Libânio

Líbano a Matrícula

Matrimônio a Nerópolis

Neruda a Petain

Pétala a Rede

Redenção a Sezures

Sfax a Travancoroso

Travão a Zyl

Série da Enciclopédia Mirador Internacional (Encyclopaedia Brittanica do Brasil Publicações, Rio de Janeiro, 1994, 20 vols.; a repetição das palavras indica mais de um verbete para o mesmo tema):


Aachen a Antibiótico

Antibiótico a Bashô

Basquetebol a Bulgária

Bulgária a Cinema

Cinema a Crustáceo

Crustáceo a Egito

Egito a Estrela

Estrela a França

França a Grupo

Grupo a Inquisição

Inquisição a Lênin

Leningrado a Material

Materialismo a Muller

Mullita a Paquistão

Pará a Porfirito

Porson a Religião

Religião a Serra Leoa

Serra Leoa a Trabalho

Trabalho a Zwingli

Série da Nova Enciclopédia Barsa (Encyclopaedia Brittanica do Brasil Publicações, 1997, 18 vols.):


Aachen a Arenito

Arenque a Bizâncio

Bizantina, Arte a Castelo Branco, Humberto

Castiglioni, Baldassare a Cristovão, São

Crítica a Espanca, Florbela

Espanha a Cambetta, León

Gâmbia a Ibn Saud

Ibsen, Henrik a Lêon, Frei Luis de

Leonardo Da Vinci a México

México, Cidade do a Osso

Osteologia a Pragmatismo

Praieira, Revolução a Russa, Literatura

Russa, Revolução a Tchekhov, Anton

Teatro a Zwingli, Huldrich

Roney Cytrynowicz é historiador e escritor, autor de A duna do tesouro (Companhia das Letrinhas), Quando vovó perdeu a memória (Edições SM) e Guerra sem guerra: a mobilização e o cotidiano em São Paulo durante a Segunda Guerra Mundial (Edusp). É diretor da Editora Narrativa Um - Projetos e Pesquisas de História e editor de uma coleção de guias de passeios a pé pela cidade de São Paulo, entre eles Dez roteiros históricos a pé em São Paulo e Dez roteiros a pé com crianças pela história de São Paulo.

Sua coluna conta histórias em torno de livros, leituras, bibliotecas, editoras, gráficas e livrarias e narra episódios sobre como autores e leitores se relacionam com o mundo dos livros.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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