Uma denúncia à fome coletiva
PublishNews, Redação, 04/10/2022
Traduzido para mais de 25 idiomas, ‘Geografia da fome’ um clássico fundador dos estudos sobre a fome, tem nova edição com texto de apresentação de Milton Santos e prefácio de Silvio Almeida

Em 1946, o país passava por um processo de redemocratização após a ditadura do Estado Novo e tentava enfrentar suas fraturas mais evidentes. Decorridos mais de 70 anos, é doloroso notar como elas se aprofundaram. Em 2022, 33 milhões de pessoas ainda passam no fome no país. Josué de Castro denuncia no livro Geografia da fome: o dilema brasileiro: pão ou aço (Todavia, 400, R$ 84,90) a fome coletiva como um fenômeno social presente em todos os continentes. Com foco no Brasil, defende que ela é decorrente dos sistemas econômicos e sociais, não de condições climáticas, argumento que amplia o escopo do debate sobre as raízes do subdesenvolvimento. Considerando como regiões de fome aquelas em que ao menos metade da população apresenta carências de nutrição evidentes, o autor divide o país em cinco áreas definidas por seus hábitos alimentares, identificando as que vivem em estado de fome crônica — endêmica ou epidêmica — e as que apresentam quadro de subnutrição. O escritor é referência no tema de nutrição e já foi presidente da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), deputado federal por Pernambuco em duas legislaturas e mais de uma vez cotado para o prêmio Nobel, teve seus direitos políticos cassados pela ditadura militar, em 1964.

[04/10/2022 07:00:00]