Na virada para o século XX, Jacov Reinhardt está escrevendo o tratado definitivo sobre a melancolia, esta doença que se mostrou epidêmica na modernidade. No entanto, seu trabalho só estará completo quando localizar a fonte dela, quando encará-la de frente. Para isso, precisa ser como um Fitzcarraldo de Herzog, e mergulhar na selva sul-americana em busca de Emiliano Gomez Carrasquilla, o filósofo perdido da melancolia. Partindo dessa premissa absurda, Mark Haber constrói um romance repleto de angústias cômicas e obsessões hilárias. Narrado em apenas um parágrafo, como um monólogo febril, à moda dos livros de Thomas Bernhard, O jardim de Reinhardt (DBA, 160 pp, R$ 59,90 – Trad.: Fábio Bonillo) oferece reflexões sobre a maneira como cada cultura lida com a tristeza e os esforços do conhecimento das ciências em tentar estabelecer limites para esse conceito tão abstrato e, no entanto, tão presente em nosso cotidiano. Na obra, através de viradas de humor inesperadas, Haber puxa o tapete do leitor e revela como a arte pode oferecer uma maneira de encarar o abismo da tristeza.