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'O olho do dono é que engorda o boi'
PublishNews, Redação, 1º/07/2021
Marcus Teles foi sabatinado por Luciana Borges, Gerson Ramos, Walter Porto e Waldiney Azevedo e falou de planos, livros e comércio digitais e da importância das livrarias independentes

Com mais de 50 anos de história, a Livraria Leitura se tornou, há pouco, a maior rede de livrarias do país em número de lojas. O constante crescimento da empresa aliado a sua metodologia de gestão é algo que chama atenção de quem tem olhos atentos para o mercado editorial brasileiro.

Para falar sobre a empresa que nasceu mineira e, há muito, se tornou nacional, Marcus Teles, diretor da rede, esteve no centro da segunda edição do Sabatina PublishNews, novo projeto do PN que reuniu na bancada os diretores comerciais Luciana Borges (Companhia das Letras) e Gerson Ramos (Planeta), o jornalista Walter Porto (Folha de S.Paulo) e o consultor Waldiney Azevedo.

Na entrevista, Marcus falou sobre os acertos e erros da Leitura ao longo dos anos e das apostas que, num primeiro momento, para muitos parecia ser a escolha errada, mas que sempre visaram resultados a longo prazo. “Sempre falaram que a Leitura estava na contramão. Enquanto todos brigavam nas grandes capitais (São Paulo e Rio de Janeiro), entendemos que eram cidades bem atendidas e fomos para cidades médias acima de 300 mil habitantes. Fechamos a [a loja na] internet, quando todo mundo estava fazendo o movimento inverso. [Com esses movimentos,] Buscamos sempre o que era a longo prazo”, contou.

Além disso, Teles fez questão de ressaltar a facilidade da Leitura em se transformar. "A Leitura é muito rápida e se adapta muito bem. A gente erra muito também. Só que na Leitura, cada loja é um centro de custo separado. Se faz uma bobagem, em 60 ou 90 dias, ela tá passando dificuldade e a gente consegue, muito rapidamente, tirar capital de um lugar e injetar ali. Essas mudanças têm que ser feitas muito rapidamente", disse ao ser questionado se seguia pelo mesmo caminho de seus concorrentes que cresceram muito nas últimas décadas, mas que hoje, como se sabe, passam por um doloroso processo de recuperação judicial.

Dentre os diferenciais da rede, que hoje conta com 86 lojas e busca ocupar os espaços deixados por Saraiva e Cultura, Marcus frisou que o foco é em manter o caixa positivo. “Sempre tivemos esse cuidado. Isso, talvez, poderia ter diminuído um pouco o ritmo em algum momento, mas quando vem crises econômicas como as de 2015 e 2016 e agora com a covid, a gente ver que manter esse equilíbrio e o pé no chão é sempre bom”, disse. Além disso, a rede é conhecida por não ter medo de fechar lojas deficitárias. Segundo Teles, no ano passado duas lojas fecharam as portas e esse ano serão mais três.

Durante a conversa, Teles falou também sobre as ferramentas de análise e gestão para editoras, os softwares desenvolvidos pela rede; sobre a parceria com a Kobo para entrar no mercado do livro digital e sobre a implantação de um serviço que vai permitir às editoras fornecedoras acompanhar o seu estoque. “Apesar de sermos tradicionais, somos muito bons de números. Temos os números na ponta do lápis. Somos muito cuidadosos e estamos sempre seguindo as tecnologias”, afirmou ele, já conhecido por seus pares como um “entusiasta dos números”. “A gente nunca para”, finalizou.

Com o plano da chegar a 100 lojas em 2022, a preocupação com as livrarias independentes foi abordada no programa. Segundo Teles, a Leitura não faz uma concorrência predatória com outras livrarias. “Não entendo que a Leitura seja um problema para outras livrarias. Algumas redes já fizeram ações danosas, mas nós sempre apoiamos os outros livreiros. O mercado está aí para todos”, defendeu.

Defensor da Lei do Preço Fixo, Teles também falou sobre a medida e frisou que o mercado não pode depender de uma lei. O mais urgente, segundo ele, é se adaptar ao momento que estamos vivendo.

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A conversa completa você confere abaixo.

A PublishNewsTV reúne entrevistas e reportagens especiais do PublishNews

[01/07/2021 10:00:00]
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